O crescimento de 7,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia no quarto trimestre de 2009, em comparação ao mesmo período do ano anterior, refletiu positivamente no resultado anual de 1,7%, que foi maior do que o PIB nacional, anunciado pelo IBGE, com retração de 0,2% em relação a 2008. A estimativa foi divulgada, nesta quinta-feira (11), pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão da Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan).

Esse foi o melhor desempenho registrado desde o segundo trimestre de 2007, quando o PIB expandiu 8,8%, em que pese a base deprimida de comparação em função da crise financeira internacional. Esse resultado fez a SEI rever de 1,5% para 1,7% a estimativa anual para 2009.

No ano passado, os setores que mais impactaram diretamente no resultado do trimestre foram o industrial (9,2%), o de serviços (6,9%) e o agropecuário (1,3%). De acordo com o diretor-geral da SEI, José Geraldo dos Reis Santos, há uma estimativa de crescimento do PIB baiano de 5% a 5,6%, o que evidencia que a economia estadual acompanha o ritmo de crescimento anual da economia nacional.

“A política salarial, o aumento real do salário mínimo, Bolsa Família, e outras políticas de transferência de renda, previdência, seguridade social, tudo isso, faz com que grande parcela da população brasileira garanta seu poder de compra”, explicou o diretor-geral.

O aumento no ritmo de crescimento no quarto trimestre, no acumulado do ano, está relacionado às políticas do governo federal, somadas às ações do Governo da Bahia. Ele acredita que, este ano, a receita cresça na faixa dos 10%. A expectativa é que esse crescimento permaneça na casa dos 10%, “o que pode nos projetar para um PIB em 2010 em torno 5,5% ou 6%.”.

Para o secretário do Planejamento, Walter Pinheiro, o resultado foi possível devido à postura do estado diante da crise financeira. “Superamos o volume de investimentos de 2008 em áreas importantes como a de serviços e de infraestrutura, o que propiciou uma geração recorde de emprego em 2009 e a expansão das riquezas”.

Ele ressaltou ainda “a diversificação das atividades, com destaque para o bom desempenho da construção civil, que, vale ressaltar, não está somente atrelado ao segmento imobiliário, mas aos investimentos em infraestrutura, a exemplo da construção de hospitais e sistemas de abastecimentos de água e esgoto, reforma de escolas e estradas, o que vem gerando a ampliação de empregos principalmente no interior. Esses investimentos foram decisivos para a manutenção do consumo das famílias e o aquecimento da economia”.

De acordo com dados da Secretaria de Planejamento, 78% dos 18 mil postos de trabalho gerados no Nordeste (14 mil) foram criados na Bahia. Segundo Walter Pinheiro, cerca de 40% dos empregos foram em cidades fora da Região Metropolitana de Salvador. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou a possibilidade de geração de 2 milhões de empregos no Brasil, sinalizando a geração de 83 mil empregos na Bahia.

O recorde da geração de empregos, no começo de 2009, é resultado do desempenho do comércio varejista, do setor de serviços e da construção civil. “Foram 14 mil no início deste ano e, no ano passado, 71 mil, recorde histórico”, salientou o secretário.

Indústria: crescimento sinalizado

O segmento industrial sofreu grande perda de dinamismo em 2009, causada, sobretudo, pela crise da economia mundial, que afetou a indústria de transformação, setor com pior desempenho dos últimos anos.

A taxa de crescimento de 9,2% registrada no quarto trimestre do ano, apesar de ter uma base de comparação bastante deprimida, confirma a retomada do crescimento do setor. Isso significa que as demandas para a indústria baiana deverão aumentar ainda no curto prazo, estimulando o aumento na produção interna, ainda que em um cenário de baixa perspectiva para novos investimentos no setor industrial em 2010. O resultado do trimestre foi insuficiente para reverter a tendência declinante em 2009, fazendo a indústria baiana registrar queda de 1,1% no ano.

A indústria de transformação fechou 2009 com -4,3%. A indústria extrativa mineral apresentou retração de 3,8%, como reflexo da diminuição na extração de petróleo (-3,0%) e, sobretudo, pela grande diminuição na extração de gás natural (-8,9%).

As estimativas da equipe de contas regionais da SEI indicam que o Serviço Industriais de utilidade Pública, que mensura a geração e consumo de energia e água, apresentou um leve incremento de 0,3% em 2009.

Já na construção civil, os resultados para 2009 foram completamente diferentes dos demais setores industriais. A taxa de crescimento de 8,1% confirma o bom momento pelo qual passa o setor na Bahia e está diretamente relacionado ao crescimento imobiliário da RMS e às obras de infraestrutura do PAC em todo o estado.

Serviços: setor em expansão

O setor de serviços encerrou o ano com uma expansão de 4,0%. Tomando como base um indicador do nível de atividade, que é o volume de empregos formais, os dados do Caged revelaram que o setor de serviços foi o que mais criou empregos, com 28.099 novos postos de trabalho.

Diversas atividades ligadas ao setor apresentaram expansão no nível da atividade, entre elas, os segmentos ligados ao turismo, favorecidos pelo do aumento do dólar, que desestimulou as viagens ao exterior. O setor de alojamento e alimentação expandiu 4,4% no ano.

Já as atividades de transporte e armazenagens, em virtude do desaquecimento da economia nacional e internacional e da diminuição nas encomendas feitas junto à indústria baiana, apresentaram uma expansão de 1,4%.

Os serviços prestados pela administração pública da Bahia expandiram-se 3,5% no quarto trimestre em comparação com igual período de 2008, acumulando, em 2009, um crescimento de 3,1%. Esse resultado deve ser ainda mais enaltecido ao se considerar que mesmo com a diminuição da arrecadação tributária (o ICMS, principal impostos estadual, recuou 3,9%, em 2009), os governos federal e estadual não diminuíram seus gastos públicos para dinamizar a demanda agregada.

No quarto trimestre do ano de 2009, o comércio baiano apresentou uma expansão de 9,9%, encerrando 2009 com crescimento de 6,6%. O resultado, além de ser considerado bastante significativo situou-se quase no mesmo patamar do registrado em 2008, ano em que a expansão das vendas atingiu 6,5%.

Agropecuária: produção de grãos puxa queda em 2009

O setor da agropecuária apresentou no 4º trimestre de 2009 uma expansão de 1,3% no valor que agrega ao PIB, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. No ano, a queda na produção agrícola foi de aproximadamente 5,5%. Como o setor da pecuária também registrou uma perda real na atividade da ordem de 2,1%, houve uma retração na atividade do setor primário do PIB baiano em 4,8% em comparação ao ano de 2008.

Apesar dos bons resultados em algumas das mais importantes lavouras do estado, a exemplo do cacau, da cana-de-açúcar e do café, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, a produção baiana de grãos fechou o ano com variação negativa de 5,2% em relação à safra anterior, totalizando 5,9 milhões de toneladas.

Entre os grãos, observam-se incrementos positivos em relação à safra anterior na produção de milho (9,8%) e feijão (4,1%), por outro lado é significativa a queda na produção de algodão (-16,5%) e de soja (-12,0%), que são os dois mais importantes produtos no ranking da produção agrícola do estado.
 

Publicada às 15h35
Atualizada às 21h