O governador Jaques Wagner visitou, na manhã desta quarta-feira (24), as obras da Via Expressa Baía de Todos-os-Santos na Rótula do Abacaxi (Frente II), que representam 54% do total do projeto em volume de recursos. Em ritmo acelerado, as obras cumprem o cronograma e são desenvolvidas em três frentes simultâneas, no Cabula (Frente I), na Rótula do Abacaxi (Frente II) e na Soledade (Frente III). Cerca de 1,5 mil trabalhadores diretos estão envolvidos nos serviços, sendo que até o final das obras a previsão é que mais mil sejam incorporados.

Num clima descontraído, o servente Ubiraci Oliveira Ribeiro criou um jingle para as obras, que vão beneficiar mais de um milhão de baianos e solucionar diversos pontos críticos de trânsito em Salvador, e apresentou ao governador. “Construindo a cidade/Melhoria pro povo/São 14 viadutos que tão chegando na cidade de Salvador/Ainda têm três túneis, Maria/E tem várias estradas, irmão/É o Governo do Estado que está construindo para a população/Ligando a BR ao Porto de Salvador, Via Expressa, meu irmão”, diz o jingle

Numa parceria entre o governo da Bahia, por meio das secretarias de Desenvolvimento Urbano e de Infraestrutura e Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), e o governo federal, a Via Expressa será a maior obra viária dos últimos 30 anos em Salvador. O projeto do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) na área de infraestrutura e logística prevê um investimento de R$ 381 milhões, sendo R$ 40 milhões de contrapartida do governo da Bahia, na ligação da BR-324 ao Porto de Salvador por uma via exclusiva de transporte de cargas.

“Até 30 de junho, vamos deixar de chamar essa via de Rótula do Abacaxi. O fluxo de veículos vai melhorar. Vamos concluir o acesso até o Retiro, a travessia da Estrada da Rainha ao Porto de Salvador, além de ser o prenúncio da Ponte Salvador/Itaparica”, adiantou Wagner, que falou do recebimento de quatro propostas para a construção da ponte e destacou que as obras serão concluídas no início de 2011.

De acordo com o governador, a Ponte Salvador/Itaparica representa uma contribuição muito grande para melhorar o transporte de pessoas e de cargas e preparar, dessa forma, a capital para mais um ciclo de desenvolvimento. “Desenvolvimento hoje é logística”, declarou.

O objetivo é reduzir as desigualdades regionais, impulsionando o desenvolvimento social e a geração de emprego e renda. O novo acesso para a Cidade Baixa vai melhorar o escoamento e o tráfego, além de favorecer a capacidade de importação e exportação.

O trânsito na área central da cidade será modificado para dar mais mobilidade ao transporte de cargas, que atualmente utiliza as avenidas San Martin, Bonocô e Suburbana. Estudos apontam uma expectativa de que trafeguem pela via 62,3 mil veículos diariamente, sendo 3,4 mil de cargas e 58,9 mil comuns, utilizando as dez faixas da nova via.

Entrega das primeiras etapas
Segundo a Conder, a previsão é que as duas primeiras etapas (frentes I e II) sejam entregues à população até o final do primeiro semestre deste ano. “As obras estão a todo vapor. As frentes I e II, prioritárias para desafogar o trânsito na Rótula do Abacaxi, estão previstas para o final de junho. Os trabalhos da frente III (túneis da Soledade) já foram iniciados no sábado passado.

“As obras foram definidas em sete etapas – frentes I e II para junho, Frente III, já em andamento, para final deste ano, e frentes IV (Avenida Heitor Dias), V (Largo Dois Leões e Avenida Glauber Rocha), VI (Baixa de Quintas) e VII (Estrada da Rainha) para meados de 2011”, explicou o presidente da Conder, Milton Villas- Boas.

A Via Expressa (via rápida ou via reservada de comunicação terrestre) terá 4,3 mil metros, passando por Água de Meninos, Ladeira do Canto da Cruz, Estrada da Rainha, Largo dos Dois Leões, Avenida Heitor Dias, Rótula do Abacaxi, até chegar à Ladeira do Cabula, alcançando a BR-324. No percurso, haverá três túneis, quatro passarelas, 14 elevados (4,1 mil metros), uma ciclovia, 35,5 mil metros de passeio e 23,2 mil metros de pista de rolamento com dez faixas de trânsito (quatro para veículos de cargas).

Com a Via Expressa, o Porto de Salvador, que hoje suporta 250 mil contêineres por ano, pode ter sua capacidade ampliada para três milhões. As principais mercadorias que circulam pelo porto são móveis, metais, produtos químicos, alimentos, bebidas e borrachas e derivados.

Requalificação urbana
Para o secretário de Desenvolvimento Urbano, Afonso Florence, a iniciativa vai impactar nos próximos 20/30 anos na expansão urbana da cidade, além de permitir a requalificação de diversos bairros, valorizando-os e proporcionando aos moradores maior acessibilidade, mobilidade urbana e novo planejamento de investimentos imobiliários.

Além dos projetos sociais de mobilização das comunidades do entorno da nova via, estão previstas ações de requalificação urbana e ambiental, como a construção de unidades habitacionais com toda a infraestrutura, o redimensionamento de canais (macrodrenagem) e a urbanização de encostas: Túnel Américo Simas/Ladeira da Água Brusca, Ladeira da Água Brusca/Via Expressa e Via Expressa/Plano Inclinado da Liberdade.

Os dez bairros situados no entorno da via foram submetidos a um diagnóstico social, o que permitiu gerar um cadastro com o número de famílias e de comerciantes existentes no local. Com isso, 136 famílias foram inscritas no programa federal Minha Casa, Minha Vida, por apresentar renda familiar de até três salários mínimos.

Um projeto habitacional já está sendo desenvolvido para abrigar essas famílias em terrenos localizados na região onde as obras estão em execução. Dos 771 imóveis que serão desapropriados com o projeto, 95% já têm cadastro físico (características do imóvel, como tamanho, número de cômodos, tipo de piso etc.) e 66% já foram avaliados e estão em processo de negociação. As indenizações têm um custo estimado de R$ 49,2 milhões. As famílias cujos imóveis forem desapropriados terão a opção de utilizar a indenização para a compra de imóvel em outro local ou continuar morando na região.

O secretário de Infraestrutura, João Leão, reafirmou a responsabilidade do governo com as famílias do entorno e comentou o sucesso do cronograma, além de relembrar que o conjunto das obras reflete na Ponte Salvador/Itaparica. “A ponte é sonho, mas já está virando realidade”, afirmou.

Reflorestamento
O projeto pode ser considerado um modelo ambiental. Além das questões relacionadas à diminuição da emissão dos gases poluentes na atmosfera, já que será disciplinado o transporte de carga na cidade, evitando acidentes e engarrafamentos no trânsito, estão previstas ações importantes de reflorestamento.

Quanto à poluição sonora, prevista em qualquer obra da construção pesada, principalmente a que utiliza explosivos, o Estado fará o monitoramento de todas as intervenções, respeitando os índices necessários à segurança da população. O licenciamento ambiental foi concedido por unanimidade pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), com a relatoria do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), atendidas todas as condicionantes.

Publicada às 8h45
Atualizada às 14h