O cultivo de bijupirá, peixe marinho característico principalmente do litoral do Nordeste, poderá ser feito também em tanques escavados. Através da Bahia Pesca, a Secretaria da Agricultrura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) está desenvolvendo pesquisas nessa área, a partir de experimentos que vêm sendo realizados no município de Jandaíra, a 202 quilômetros de Salvador, no litoral norte do estado.

O trabalho da Bahia Pesca com a Lusomar Maricultura, empresa de capital português que atua no estado na área de carcinicultura, existe desde 2003, mas as pesquisas para o cultivo de bijupirá em tanques escavados vêm desde outubro de 2009. Os experimentos, considerados inéditos no Brasil, já estão na fase final e tem como objetivo criar uma alternativa de cultivo, além dos métodos já existentes de criação do peixe em tanques-rede instalados no mar.

No final do ano passado, a Bahia Pesca utilizou alevinos (filhotes de peixe) de bijupirá do Centro de Pesquisas da Fazenda Oruabo, localizada em Santo Amaro, para o primeiro período de aclimatação em 16 tanques construídos em áreas da Lusomar, em Jandaíra.

Decorridos quatro meses de experimento, os peixes já estão com peso médio entre 450 e 600 gramas, gerando a expectativa de que ao final de um ano possam atingir entre cinco e seis quilos.

O biólogo da Bahia Pesca e responsável pelo projeto, Gitonilson Tosta, disse que o andamento das pesquisas tem sido proveitoso e indica que já a partir do segundo semestre deste ano os peixes poderão ser capturados para consumo.

Ele explicou que os peixes são monitorados periodicamente, observando-se o processo de alimentação, engorda e desenvolvimento. Para tanto, aos técnicos da Bahia Pesca e da Lusomar juntaram-se pesquisadores da Escola de Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli, que esteve visitando o local, destacou que o trabalho marca uma nova fase, do que ele chama de Projeto Bijupirá, que começou com experimentos em tanques-rede e agora avança para tanques escavados.

“O que estamos demonstrando é que se pode ter uma alternativa de produção com um custo significativamente menor e com uma produtividade que permita uma atividade comercial rentável”, declarou Albagli.

Peixe nobre

O bijupirá atinge um comprimento de dois metros e peso máximo de 80 quilos. É considerado pelágico (de mar aberto) e geralmente solitário, exceto por agregações para desova anual, quando costuma se reunir em recifes, áreas de naufrágio de embarcações, portos, boias e outros elementos estruturais. Ele também entra em estuários e manguezais em busca de presas.

É comum em águas do Oceano Atlântico e do Oceano Pacífico, por causa da temperatura média, de 24°C. No Brasil, costuma aparecer nos litorais das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul (do Amapá ao Rio Grande do Sul), sendo mais comum no Nordeste.