A primeira pescadora regularizada da Bahia vai receber do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), uma embarcação para continuar sua profissão e melhorar a qualidade de vida e de trabalho.

Trata-se de Alessandra Gondim Fernandes, 28 anos, que desde os 14 pratica a profissão. Dandinha, como é popularmente conhecida, esteve na Sedes para receber a boa notícia nesta quinta-feira (4). A ação faz parte do projeto Pescando Renda, em parceria com a Colônia de Pescadores Z1, do bairro do Rio Vermelho.

“Estou muito feliz porque agora terei meu próprio barco de pesca, com toda a estrutura de refrigeração e compartimentos para os pescados. Passo de três a quarto dias em alto mar e sem estrutura, o trabalho não rende”, afirmou a pescadora.

Além do barco, Dandinha receberá ainda capacitação em todas as áreas da pesca, desde as técnicas de construção de sua própria embarcação, manuseio de equipamentos náuticos, uso de GPS, entre outros instrumentos.

A história de Dandinha não é muito diferente da de outras mulheres baianas que lutam para manter suas atividades profissionais em qualquer que seja a área de atuação. No caso da pesca, a restrição é ainda maior. Segundo a pescadora, a discriminação ainda é uma realidade que incomoda. “Os homens acreditam que a pesca é somente para eles. Até para ter a minha regularização profissional foi difícil”.

Por muito tempo, Dandinha teve de realizar seu trabalho com ajuda de outras pessoas, indo de carona para o alto mar. Quando sua pesca rendia mais que a de algum dos homens presentes, logo era motivo de chacota. “Eles brigavam entre si e sempre sobrava pra mim. Não aceitavam (e não aceitam) o fato de eu conseguir pescar mais do que eles. Nesses momentos, eu era alvo de ofensas. Agora, tudo mudou, eu terei mais autonomia”.

A iniciativa da Sedes é o pontapé para que outras pessoas, pescadoras ou não, procurem reconhecimento e se organizem para ter melhores condições de trabalho. O secretário Valmir Assunção acredita que o melhor meio para o crescimento profissional é a livre atuação das funções que lhe cabe. “Para o Governo do Estado sempre foi importante manter as ações sem observar crença, raça, gênero ou orientação sexual. Todos nós sabemos que a discriminação em relação às mulheres existe, e, agora, isso tem que mudar, não só na Bahia, como em todo o Brasil”.