O desenvolvimento do Estado a partir da implantação de um novo sistema viário, que terá como elemento principal a Ponte Salvador – Ilha de Itaparica, foi tema de debate entre Governo do Estado e a sociedade civil, nesta quinta-feira (4), na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia.

O superintendente de Planejamento Estratégico da Secretaria do Planejamento (Seplan), Paulo Henrique de Almeida, apresentou o projeto Vetor Oeste, que, para além da construção da ponte, pretende estabelecer uma conexão alternativa entre a capital, o Recôncavo, o Baixo Sul, sul e oeste baianos.

“O Estado e a iniciativa privada, ao longo da história, fizeram uma opção pela expansão do eixo norte, com a construção da avenida Paralela, da Estrada do Coco e da Linha Verde como local de turismo e moradia. Dessa forma, a Cidade Baixa, o Subúrbio Ferroviário e as ilhas ficaram completamente abandonados”, afirmou Almeida, destacando o estrangulamento turístico e a estagnação da economia nessas áreas.

O superintendente apresentou os números da renda per capita no Estado, comparando a Região Metropolitana de Salvador, com R$ 14.641, às ilhas de Vera Cruz e Itaparica, onde a renda é de, respectivamente, R$ 4.912 e R$ 4.027. “Nas nossas ilhas, um terço da população ainda vive de atividades extrativistas, com uma renda per capita inferior à média estadual, de R$ 7.787”.

Outra questão apontada por Almeida foi a dificuldade de operar o sistema Ferryboat após a construção da ponte sobre o Rio de Contas, que tornou o trajeto entre Salvador e Itacaré cerca de duas horas mais curto. “O aumento do fluxo agravou os problemas já existentes no sistema. O Ferry, quando foi construído, em 1972, não foi pensado para funcionar como vetor de transporte de massa. E o aumento da frota não é uma saída porque o sistema opera com sazonalidade. Durante a baixa estação, as embarcações ficam ociosas”.

Questionado sobre os impactos ambientais, o superintendente destacou a migração da demanda para o Litoral Norte, que faz parte de uma Área de Proteção Ambiental em processo de destruição. “Quem poderia investir em turismo e moradia na ilha, acaba investindo no Litoral Norte, que já está saturado de empreendimentos”.

Viabilidade

Além de acadêmicos, moradores das ilhas, urbanistas, arquitetos e ambientalistas, participaram das discussões o historiador Ubiratã Castro, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, o professor da Faculdade de Arquitetura Paulo Ormindo, e Carl von Hauenschild, membro do Grupo de Planejamento Urbanismo Arquitetura (Urplan).

Após as intervenções favoráveis e contrárias a diversos aspectos do projeto do complexo rodoviário, o superintendente da Seplan sugeriu aos participantes a leitura do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), disponível no site da secretaria (www.seplan.ba.gov.br).

A publicação da PMI foi o primeiro passo para a realização de Estudos Preliminares de Viabilidade para a estruturação do projeto de construção e concessão do Sistema Viário Oeste.

O Sistema engloba a ponte rodoviária ligando Salvador à Ilha de Itaparica, a duplicação da BA-001 na Ilha de Itaparica, a duplicação da Ponte do Funil e a duplicação das BA’s 001 e 046 entre Nazaré e Santo Antônio de Jesus (entroncamento com a BR-101).

Paulo Henrique de Almeida informou que as manifestações de interesse podem ser enviadas até o dia 14 deste mês. Após esta data, estudos preliminares serão feitos em 120 dias, seguidos de novos estudos, complementares, que serão realizados por uma consultoria, a partir deste ano.

A consolidação das pesquisas será entregue em 2011 para, caso demonstrada a viabilidade, sejam realizados debates técnicos e audiências públicas que decidirão a conformação final do projeto.