“A Bahia não está enfrentando um surto de meningite e não existe motivo para alarme, embora a doença meningocócica seja sempre motivo para preocupação, por se tratar de uma infecção grave do sistema nervoso central”. A afirmativa é da superintendente de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado, Lorene Pinto.

Dados do Departamento de Informática do SUS (Datasus) apontam que a situação na Bahia não é diferente de outros estados. Segundo a Sesab, a Bahia é o quarto em incidência de doença meningocócica, com 1,1 casos por 100 mil habitantes, antecedido por São Paulo, com 2,2 casos por 100 mil habitantes, Distrito Federal e Amazonas, com 1,7 e 1,2 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.

Os dados mostram ainda que as maiores taxas de letalidade foram registradas no Mato Grosso do Sul e Sergipe, com 33%. A Bahia ficou em sétimo lugar, com 24,5%. Segundo Lorene Pinto, mesmo considerando que metade dos casos de meningite registrada é do tipo viral, de menor gravidade, há o registro das meningites bacterianas, que trazem maior preocupação, pela rapidez com que o quadro se instala.

Em função do aumento dos casos no estado, principalmente em Salvador, a Sesab antecipou a vacinação contra a meningite C, que será introduzida no calendário vacinal, pelo Ministério da Saúde, somente no próximo ano.

Prevenção

Além da Bahia, Minas Gerais foi o único estado a antecipar a vacinação contra a meningite C e, mesmo assim, a população alvo é de crianças menores de dois anos, destaca Lorene Pinto.

A vacinação no estado tem como público alvo, crianças com mais de dois meses e menos de cinco anos de idade, faixa etária que, conforme a especialista, concentra a maior incidência da doença e a maior taxa de letalidade. A superintendente explica ainda que com a vacinação desse grupo, a circulação da bactéria que causa a doença meningocócica diminui.

“Com a defesa de um grupo, temos a imunidade de rebanho, já que há uma baixa na circulação do agente causador, e as pessoas ficam menos susceptíveis à doença”, enfatiza Lorene Pinto.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da Sesab, Alcina Andrade, reafirma que a Bahia, apesar do aumento do número de caso nos últimos dois anos, não está tendo surto da doença meningocócica e explica que o surto só é caracterizado quando o registro tem algum vínculo entre si, o que não se apresenta no estado e nem em Salvador.

A Vigilância Epidemiológica registrou, até o dia 27 de fevereiro, 113 casos de meningites em todo o estado, com 11 óbitos. Quanto ao agente etiológico, 50 (44,2%) foram de origem bacteriana, 57 (50,4%) virais, seis (5,3%) não especificadas e por outras etiologias.

Dentre as bacterianas, destaca-se a doença meningocócica (DM), com 34 (68%) casos, seis óbitos e letalidade de 17,6%, e a meningite pneumocócica, com três casos (6%), um óbito e 33% de letalidade, correspondendo a etiologia de maior taxa de letalidade em relação às demais. Observa-se uma diminuição dessa taxa, em relação ao ano anterior, de 43% para 33%.

Couto Maia

O atendimento a pacientes com suspeita de meningite no Hospital Couto Maia (HCM), unidade da Secretária da Saúde do Estado, que é referência para o tratamento de doenças infecto-contagiosas, está dentro da rotina do hospital. 

A diretora médica do hospital, Ana Verônica Mascarenhas, informa que, na tarde de quinta-feira (11), dos 101 leitos existentes, 25 estavam ocupados por pacientes com suspeita de meningite, de todas as etiologias, que deram entrada em diferentes datas.

Ela ressalta que os casos de meningites ocorrem durante todo o ano e que é importante a população estar atenta para o surgimento de sintomas da doença – dor de cabeça, febre, vômito, sonolência e rigidez na nuca. “As pessoas que apresentarem esses sintomas devem procurar, de imediato, um serviço de saúde”, adverte a diretora médica do Couto Maia.