Os trabalhos em grupo da 3ª Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) foram marcados pelo debate democrático, com forte participação dos conferencistas sobre diversos temas fundamentais para o desenvolvimento da Bahia na CT&I. Cinco grandes temas nortearam as discussões dos participantes, Sistema Nacional/Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Inovação na Sociedade e nas Empresas, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas, Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social e ainda Clima, Meio Ambiente e Energia.

O grupo Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável foi um dos mais concorridos. A importância de encontrar uma forma de crescimento que não agrida o meio ambiente foi destaque nos debates, especialmente a importância da diversidade vegetal, isso ao lado da participação da sociedade nos processos tecnológicos.

O coordenador de floricultura do Sebrae de Pernambuco, Antônio José da Cunha Chaves, chamou a atenção para a necessidade de pesquisar as propriedades das plantas. “Mesmo em ambientes fechados, como escritórios, percebemos a diferença dos locais onde temos plantas, mesmo ornamentais. Em casa, quando usamos gás de cozinha, são expelidos gases tóxicos que apenas algumas plantas conseguem absorver. Precisamos ver as plantas como nossas amigas”, avaliou, acrescentando que há programas na Europa e nos Estados Unidos que estimulam a presença de plantas para o interior de casas e escritórios.

Soluções

“Precisamos buscar soluções que mostrem que o determinismo tecnológico não é a solução. A tecnologia não vai resolver todos os problemas, mas pode ser um instrumento importante para este crescimento com inclusão social e as tecnologias sociais são importantes porque focam nas pessoas”, alertou o pró-reitor da Universidade Federal do Recôncavo, Aelson Almeida.

Ele chama a atenção ainda para o pensamento de que apenas maquinários traduzem tecnologia, mas que modos de vida também devem ser visualizados como saberes e características fundamentais. O Comitê Pró Rede de Tecnologia Social da Bahia participou das discussões e elaborou uma carta aberta, resultado das oficinas realizadas nos Territórios de Identidade. A regulamentação das tecnologias sociais, articulação dos territórios, criação de cursos e treinamentos, fomentar a troca de experiências e aumento de recursos para ações na zona rural foram algumas das cerca de 70 propostas apresentadas no documento.

Microalgas podem substituir sementes na produção de biodiesel

As novas fronteiras para a produção do biodiesel estiveram no centro dos debates do grupo Clima, Energia e Meio Ambiente. O potencial das microalgas foi destacado pesquisadora do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Cláudia Maria Luz Teixeira. “É lamentável que o Brasil ainda não explore a produção comercial de microalgas, que têm inúmeras vantagens sobre oleaginosas tradicionais, por não concorrerem com a produção de alimentos, além de serem mais produtivas e não terem que aguardar safra, sendo colhidas diariamente”, contou.

A pesquisadora mostrou os sistemas de produção usados no mundo. Ela apresentou os sistemas abertos como a melhor alternativa para aplicação no Brasil, desde que sejam adotados ajustes regionais. Segundo ela, o caminho para a implementação do biodiesel seria a variedade de matérias-primas. Direcionar o Parque Tecnológico para a bioenergia e o uso da biomassa de etanol foram outras propostas apresentadas no grupo.

Os participantes do grupo sobre Sistema Nacional / Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação levantaram a necessidade de se fortalecer os mecanismos de difusão e inovação voltados à inclusão produtiva e social e da intensificação do processo de interiorização das universidades, centros e institutos de pesquisa. “Precisamos ter programas estaduais que não sejam pareados com os federais para que tenhamos investimentos mais criativos e mais condizentes com a realidade local. Assim, vamos ter mais interessados em pesquisar”, propôs Manoel Barral, da Fiocruz.

Desafio

Para o diretor regional do Conselho Nacional de Secretários de CT&I (Consecti Nordeste) e secretário de Sergipe para a pasta, Jorge Santana de Oliveira, o grande desafio é como dar escala às iniciativas que são apresentadas. “Conseguimos fazer boas experiências, mas este é um dos nossos grandes desafios. Precisamos ter linhas de pesquisa de interesses localmente e regionalmente”, reforçou. Os grupos apresentaram as conclusões na plenária final, no Auditório Principal da Fundação Luís Eduardo Magalhães. As propostas baianas serão ainda base para as Conferências Regional Nordeste e Nacional.