Fazer panelas de cerâmica é uma das paixões da artesã Ricardina Pereira da Silva, 89 anos, conhecida como Cadu. Moradora de Maragojipe, o oficio, ela aprendeu ainda criança, aos 10 anos, com a mãe e a avó. Desde esta época, o artesanato é mais do que um hobby, é o seu principal meio de sobrevivência. “O meu trabalho é muito importante para a minha vida. Graças a ele, criei e eduquei meus seis filhos. Me orgulho muito deste trabalho. A cada dia me sinto mais renovada com o artesanato”, afirma.

Para se atualizar ainda mais sobre a sua profissão e da melhor maneira de divulgar e vender seus produtos, Ricardina e mais 400 artesãos participaram, nesta quarta-feira (24), na Fundação Luis Eduardo Magalhães (Flem), do III Encontro de Artesãos da Bahia, promovido pelo Instituto Mauá e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O evento é uma homenagem ao Dia do Artesão, comemorado em 19 de março.

Segundo secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcellos, entre as ações do Governo da Bahia está o incentivo à comercialização dos artesanatos no Instituto Mauá. O secretário explica que o instituto adquire peças artesanais por meio de associações de artesanatos implantadas nos municípios baianos. Estes produtos são vendidos nas lojas do Mauá, localizadas na Barra e no Pelourinho. Há também a Feira de Artesanatos que funciona em Salvador durante o verão, garantindo renda e a promoção dos trabalhos. O Mauá também implantou associação e cooperativas em comunidades quilombolas e indígenas, com o objetivo de dar apoio a atividade econômica.

Para a artesã Maria Bernadete dos Santos, da comunidade quilombola de Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, o apoio do governo, por meio da organização da feira promovida na capital baiana, ajuda a divulgar seu trabalho. Ela conta que seus produtos, feitos de piaçava e palha, encantam a todos que visitam a feira e vendem bastante. “São uma porta aberta para todos os artesãos, estes eventos, e uma grande oportunidade para aumentarmos a renda familiar”, disse. 

Além da comercialização dos produtos no Instituto Mauá, os artesãos contam com o programa de economia solidária, desenvolvido pela Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda (Setre). A ação se propõe a fortalecer o associativismo e cooperativismo, visando à geração de trabalho e renda.

Cesol
Para atender aos profissionais, foram criados os Centros Públicos de Economia Solidária da Bahia (Cesol), que oferecem cursos de capacitação, microcréditos, orientação jurídica, administrativa e contábil-financeira, além de espaço para divulgação e comercialização de produtos.

O governador Jaques Wagner disse que o artesanato é uma tradição e tem uma linha histórica. “Portanto, manter estas tradições é um dos elementos principais. Mas, temos que organizar os artesãos e dar mais viabilidade econômica, organizando-os em cooperativas ou em associações. O papel do Governo da Bahia é qualificar e dar apoio a comercialização destes profissionais".
 

O governador anunciou também apoio à atividade por meio de exposições. “Vou tentar, ainda para este ano, uma mostra de artesanatos baianos em outros estados, começando em Brasília, no espaço cultural da Câmara de Deputados. Desta forma estamos divulgando o trabalho destes pequenos empreendedores”.

Feiras
O Instituto Mauá esteve presente, em 145 municípios e adquiriu 86.787 peças, gerando renda direta de R$ 984 mil para os artesãos. No total, 8.454 artesãos participaram das feiras do Mauá. Visando fortalecer o processo de organização do segmento artesanal, 4,512 artesãos foram capacitados, em 126 municípios. Apenas em 2009, o Instituto Mauá capacitou 1,5 mil artesãos de Salvador e interior do estado. A meta para este ano é a implantação e estruturação da cadeia produtiva do artesanato em municípios com baixo índice de desenvolvimento humano.

Empreendedor Individual pode vender sua produção para outros estados

Durante o encontro, o Sebrae disponibilizou dois pontos de atendimento para o artesão fazer o registro no portal do empreendedor. De acordo com o diretor de Operações do Sebrae, Paulo Manso Cabral, a ação faz parte do Programa Empreendedor Individual, que visa garantir benefícios da Previdência Social, como salário-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria. Por meio do registro, o artesão pode comercializar sua produção para lojistas de Salvador e de outros estados, já que ele passa a ter o CNPJ.

Para se inscrever como empreendedor individual, basta acessar o Portal do Empreendedor e preencher um formulário, escolhendo uma das 170 atividades disponibilizadas, como ambulante, artesão, azulejista, costureira, salgadeira, carpinteiro, encanador, manicure, lavador de carro, engraxate, vendedor de roupas e jardineiro. O único custo da formalização é o pagamento mensal de R$ 56,10 para o INSS, mais R$ 5 para prestador de serviço, ou R$ 1 para comércio e indústria.

Dependendo da atividade, o empreendedor pode pagar os dois impostos como prestador de serviço e comércio e indústria, ou seja R$ 6. O valor é emitido em um carnê único no Portal do Empreendedor. Mais informações sobre o empreendedor individual podem ser obtidas na Central de Relacionamento do Sebrae, no telefone 0800 570 0800. A ligação é gratuita e funciona de segunda a sexta-feira, de 8h às 20h.