A agricultura brasileira promove a diminuição da emissão de gases de efeito-estufa. É o que afirma o ecólogo com doutorado em Ecologia pela Universidade de Montpellier, na França, Evaristo Eduardo de Miranda, que participou, nesta sexta-feira (23), no Instituto Anísio Teixeira, em Salvador, da videoconferência Cadê o Carbono que Estava Aqui? Agricultura Brasileira: Solução ou Problema na Emissão de gases de Efeito-Estufa.

Miranda é pesquisador, chefe-geral da unidade de monitoramento por satélite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de consultor da Food and Agriculture Organization (FAO) e da Unesco. Transmitida simultaneamente para dezenas de municípios da Bahia, por meio da Rede Educação, além de outros estados brasileiros e países como Portugal e França, a videoconferência deu prosseguimento a mais uma edição do Programa Sextas-Feiras do Conhecimento para a Sustentabilidade, desenvolvido pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), por intermédio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA).

Na avaliação de Miranda, a agricultura é capaz de trazer soluções para a sustentabilidade. O exemplo disso é a matriz energética brasileira. A nossa agricultura produz mais de 140 milhões de toneladas de grãos para nós e para o mundo, e consome cerca de 4,5% de nossa matriz energética, mas garante quase 30% dessa matriz. “Enquanto a média da energia renovável dos outros países é inferior a 14%, no Brasil temos pouco mais de 46% da matriz renovável, o que é muito”.

Entusiasta dos avanços nas pesquisas com a agricultura, Miranda crê em um Brasil com todas as condições para se tornar o país do futuro no quesito da sustentabilidade. E defende o Brasil quando ele é tachado como o grande vilão do planeta pelos estragos do desmatamento na Amazônia. “Somos o país que mais preserva florestas nativas, com a matriz energética mais limpa, o que menos emite CO2 por quilômetro quadrado e por habitante”.

A cada dez anos, conforme Miranda, os países do G8 emitem o equivalente ao que resultaria do desmatamento de toda a Amazônia. O Brasil levaria 392 anos para emitir a mesma quantidade emitida pelo G8 de 1992 para cá, acrescentou. O Brasil ocupa a 18ª posição no ranking mundial dos países que emitem maior quantidade de CO2 na atmosfera.

EUA, China, Japão e Rússia respondem por mais de 50% da emissão de CO2 no planeta. Na avaliação do coordenador do evento e técnico da EBDA, Cícero Magalhães, o Programa Sextas-Feiras do Conhecimento para a Sustentabilidade tem conseguido cumprir o seu papel, o de difundir a informação e levar o conhecimento. O programa é destinado a agricultores familiares, lideranças, instituições públicas, sindicatos e cooperativas.