Com o ingresso da Bahia no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), os laticínios baianos poderão comercializar seus produtos para todo o país. A informação foi prestada pelo secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, ao falar na abertura do 1º Encontro das Indústrias Baianas do Setor de Leite e Derivados, realizado em Salvador, no Hotel Catussaba.

Salles analisou o cenário atual do setor e falou dos esforços do governo para sanar as deficiências e organizar toda a cadeia produtiva, por meio da Câmara Setorial do Leite. Várias outras ações de incentivo ao setor, além da Câmara, estão sendo desenvolvidas, a exemplo da aquisição de 150 tanques de resfriamento, por meio de convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) e a Companhia de Ação Regional (CAR), e que já está em fase final do processo licitatório.

Tem ainda o desenvolvimento do Programa de Educação Sanitária e o trabalho de georreferenciamento de propriedades leiteiras, desenvolvidos pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), o apoio à implantação do Laboratório de Qualidade do Leite, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Além disso, foi lançada a certificação de seis fazendas livres de Brucelose e Tuberculose, iniciativa inédita no Brasil.

“Produzimos leite em todo estado da Bahia, sendo que 80% dessa produção é oriunda do segmento familiar. É preciso inserir o pequeno produtor. Queremos um programa conjunto com as representações sociais e as indústrias”, afirmou Salles.

Na sequência do encontro, o superintendente de Políticas do Agronegócio, Raimundo Sampaio, apresentou o trabalho que vem sendo realizado pela Secretaria da Agricultura (Seagri). “A estruturação da cadeia do leite é uma das nossas prioridades e a meta é tornar a produção compatível com a demanda”.

A Bahia produz 920 milhões de litros de leite ao ano, mas o consumo anual é de 1,5 bilhão de litros, o que representa um déficit de 580 milhões. “O cenário é deficitário. Somos o sétimo maior estado produtor de leite do país, o terceiro maior em número de vacas ordenhadas, mas o 23º em produtividade”, informou o secretário.

Salles disse ainda que deficiências no melhoramento genético, comercialização e logística são conhecidas. “O que falta é integrar esses problemas e acharmos a solução conjuntamente. A Câmara Setorial do Leite é uma ferramenta de construção coletiva. Por meio dela concretizaremos um planejamento estratégico”.

Estado vai produzir queijos finos

A Bahia deverá, ainda este ano, produzir queijos finos, dos tipos golda, estepe e queijo bola. Uma empresa do Sul de Minas Gerais, que atua em Salvador há mais de 15 anos, como distribuidor, está concluindo uma unidade de processamento no distrito de Santa Maria Eterna, no município de Belmonte, sul do estado. A indústria terá capacidade de processamento inicial de 15 mil litros por dia e abastecerá o mercado interno, além de empregar diretamente inicialmente 20 funcionários.

“Já nesse primeiro semestre, produziremos queijos tradicionais, do tipo prato, muzzarela e provolone. Em seguida, agregaremos valor a esse beneficiamento do leite, melhorando o nosso ganho e tornando o produto, de melhor qualidade, mais acessível à população baiana. Com a popularização do queijo fino, ganha o empresário e o consumidor”, declarou o empresário Sílvio Fredericci, durante o Encontro das Indústrias Baianas do Setor de Leite e Derivados.

Ele disse também que, “em paralelo, será concluída a reestruturação para obter as certificações necessárias do SIE (que está em andamento, junto à Adab) e a do Sisb, que garantirá o escoamento da produção também para todo o Brasil”.

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados de Leite do Estado da Bahia (Sindileite) e organizador do encontro, Paulo Sintra, os gargalos são operacionais, de infraestrutura e na obtenção da matéria-prima.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Gilberto Farias, avalia a necessidade de um plano de trabalho que vise a interiorização da indústria. “É importante que a região metropolitana se desenvolva, mas é preciso expandir a atividade para o interior do estado”.

Participaram ainda do encontro, representantes do Ministério da Agricultura (Mapa), do sistema Faeb/Senar, do Sebrae, do Banco do Nordeste, além de deputados estaduais, empresários regionais e representantes de órgãos relacionados à fiscalização, monitoramento e controle de qualidade dos produtos lácteos.