A agricultura foi o tema das discussões entre representantes do Governo do Estado, nesta quinta-feira (15), como parte das mesas temáticas promovidas pela Secretaria do Planejamento (Seplan) que culminarão no Plano de Desenvolvimento Bahia 2023.

O superintendente de Políticas do Agronegócio da Secretaria de Agricultura (Seagri), Raimundo Sampaio, falou da importância da Agricultura Familiar e afirmou que as políticas voltadas para a consolidação da difusão de conhecimento e novas tecnologias serão prioridade no planejamento de longo prazo. “É dever do poder público fazer a inserção dos serviços públicos por meio da constante capacitação dos agricultores”.

As idéias para o Estado até 2023 foram apresentadas em forma de blocos, divididas por áreas – agronegócios, desenvolvimento agropecuário, desenvolvimento agrário, agricultura familiar, desenvolvimento da irrigação, aqüicultura e pesca e defesa agropecuária.

Para Sampaio, diversas ações nestes setores devem ser realizadas por um viés transversal, a partir de parcerias com outras secretarias estaduais. “Não adianta pensar uma política agrícola sustentável sem boas estradas, energia para a produção de grãos e a criação de aves. Sem o envolvimento de outras áreas não temos como obter sucesso no fomento de muitas políticas”.

Na área do agronegócio, a sugestão da Seagri para os próximos 13 anos é implantar o Pólo de Indústria Têxtil, porque a Bahia é o segundo maior produtor de algodão no Brasil e quase todo o produto é processado no Ceará, tornar o Estado um pólo de exportação de carne, pois a produção baiana é de alta qualidade, e garantir a ampliação da produção de biocombustíveis.

“O Estado tem potencial para exportar o etanol, aumentar a produção de leguminosas e frutas subtropicais para além da Chapada Diamantina. Queremos também ampliar a produção de algodão para o sudoeste baiano, especialmente através da Agricultura Familiar”, destacou o superintendente.

Busca da autosuficiência em borracha, cacau, carne e leite

O desenvolvimento agropecuário será feito visando a autosuficiência na produção de borracha natural, a recuperação da produtividade do cacau e a liderança da produção de citros no país, que hoje está com o estado de São Paulo.

“Queremos também estimular o consumo das flores e plantas ornamentais que produzimos, porque só consumimos cerca de 20% delas, e garantir a autosuficiência na produção de leite e carne, com parcerias com a Associação dos Produtores de Leite e a partir da descentralização dos abates”, Sampaio.

Outras questões relacionadas ao desenvolvimento agropecuário que, segundo os técnicos da Seagri, devem ser incorporadas ao Plano Bahia 2023 são a regionalização e a descentralização do Parque Frigorífico do Estado, a modernização e regionalização do Parque Industrial de Laticínios, a ampliação da escala de produção de frutas, com destaque para a exportação do produto, a prospecção de mercados para a produção baiana de fibras naturais, a consolidação da produção de café de qualidade, o fortalecimento da cana de açúcar e de seus derivados e o desenvolvimento da bubalinocultura.

“Somos o primeiro estado produtor de carne caprina e o segundo de carne ovina no país e nosso consumo ainda é baixo para a qualidade do rebanho que temos. Para 2023, queremos elevar o consumo desse tipo de carne”, informou Raimundo Sampaio.

Para os próximos anos, o superintendente de Políticas do Agronegócio afirmou que o Estado deve continuar atendendo agricultores familiares, com regularização da posse de terras, e consolidar a política de reforma Agrária do Estado, apoiando desenvolvimento agrário sustentável.

A intenção é ampliar as ações de regularização fundiária no Estado, com vistas a regularizar 20 milhões de hectares e atingir 40 % do território baiano. Programas como o Crédito Fundiário devem ser dinamizados e as ações de regularização fundiária e infraestrutura nas comunidades tradicionais devem receber maior apoio.

Baseada na importância da Agricultura Familar, a Seagri desenvolveu um plano específico para o setor até 2023. Nele, constam o fortalecimento da organização social dos agricultores familiares, o fomento às principais cadeias produtivas, a universalização do serviço de assistência técnica e extensão rural, e a implantação de unidades de beneficiamento e promoção da comercialização dos produtos da agricultura familiar em sistemas de rede.

Campanha de educação sanitária

Para a aqüicultura e pesca, Raimundo Sampaio apresentou como metas, a consolidação dos pólos de aqüicultura e pesca, da rede de comercialização do pescado e do plano estratégico estadual para o desenvolvimento da pesca e da aqüicultura. “É fundamental uma forte interação com os governos federal e municipais e com as entidades representativas da classe para que seja possível estruturar melhor programas de avaliação, monitoramento, ordenamento, parques aquícolas, licenciamento ambiental, outorga água e cessão de uso da água”, afirmou, sugerindo a implantação de um programa intensivo de cursos técnico- profissionalizantes para o setor e a incorporação de novas espécies na aquicultura.

Sampaio abordou ainda as políticas de irrigação e defesa agropecuária, enfatizando ser possível, até 2023, elevar as áreas públicas irrigadas de cinco para 50 mil hectares de terras irrigadas na Bahia, fomentar a implantação de perímetros públicos e privados e ter todos eles já implantados, em plena operação, promovendo geração de renda e desenvolvimento regional. Ele destacou a importância de executar um Plano Estadual de irrigação, integrando toda a rede de projetos irrigados.

Para a defesa agropecuária, as metas são o cadastramento de todas as propriedades rurais, a inspeção dos produtos de origem animal, a extinção do abate clandestino e uma campanha permanente de conscientização e de educação sanitária. “Pode contribuir com essas ações o desenvolvimento do sistema de fiscalização via satélite em todo o Estado da Bahia, permitindo o efetivo mapeamento zoofitossanitário das propriedades agropecuárias com foco na rastreabilidade dos produtos”, disse o superintendente.