Para evitar o ingresso da Mosca Negra no parque citrícola do estado, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), autarquia da Secretaria da Agricultura (Seagri), está preparando um Plano de Contingência. Até sexta-feira (7), em Cruz das Almas, agrônomos, técnicos e fiscais agropecuários da Agência vão discutir ações e estratégias para a elaboração do plano, visando proteger a citricultura baiana, segunda produtora nacional, com um milhão de toneladas/ano e área certificada pelo Ministério da Agricultura (Mapa) como livre de pragas dos citros.

“A Mosca Negra está presente no país há quase uma década, causando prejuízos de 50 a 90% na produção. Uma vez que a praga esteja instalada, o impacto social causado é enorme. No estado da Paraíba, por exemplo, em determinada propriedade eram colhidas 40 caixas de laranja antes da entrada da praga e após a infestação são colhidas apenas quatro caixas”, explica a coordenadora do Programa de Citros, Suely Brito.

Nos estados nordestinos já existem registros de ocorrência da praga na Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. A Bahia e Sergipe continuam livres da praga e, para assegurar esse status, a Adab vai intensificar a fiscalização do trânsito de vegetais nas divisas ao norte da Bahia, especialmente nas rodovias federais BR-101 (Rio Real), BR-110 (Paulo Afonso) e BR-116 (Juazeiro).

“O objetivo é agir de forma proativa. Todas as medidas adotadas no plano têm como premissa manter a sustentabilidade do agronegócio baiano, viabilizando aos produtores as condições necessárias para trabalhar em conjunto com a Agência e evitar a entrada da praga em solo baiano”, afirma o diretor-geral da Adab, Cássio Peixoto.

Ele ressalta que agricultores, transportadores, comerciantes, consumidores, turistas, jovens do campo e da cidade, todos podem contribuir com as medidas preventivas orientadas pela Agência de Defesa.

A praga é facilmente disseminada por mais de 300 hospedeiros, dentre eles, espécies frutíferas como citros, abacate, banana, manga-uva e caju, e espécies ornamentais como helicônias, roseiras e crisântemos. Medidas simples ajudam a impedir a entrada da Mosca Negra nos pomares baianos – evitar o transporte de vegetais contaminados (ou parte destes) para locais livres da praga, produzir ou transportar mudas de plantas susceptíveis à Mosca Negra em ambiente telado, lavar para manter descontaminados os tratores, implementos e material de colheita e podar plantas cultivadas nos fundos de quintais e nas extremidades do pomar.

A Adab também vai promover inspeções fitossanitárias nos viveiros localizados em áreas de risco e o armadilhamento para detecção da praga em pontos críticos como aeroportos, ceasas, rodoviárias e postos de fronteiras. “Qualquer suspeita de ocorrência da mosca-negra-dos-citros, comunicar à Adab para que o pomar seja inspecionado e aplicadas medidas de erradicação do foco”, diz o diretor de defesa vegetal, Armando Sá.

Mosca Negra

O inseto Aleurocanthus woglumi é originário da Ásia e já está disseminado pela África, Américas, Caribe e Oceania. No Brasil, já se encontra no Pará, Amazonas, Maranhão, Amapá, Tocantins, Goiás, São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

O ciclo de vida da Mosca Negra varia de 45 a 133 dias. A fêmea pode colocar de 35 a 50 ovos amarelo-alaranjados na face inferior da folha, em formato de caracol. Temperaturas entre 24 e 34ºC e umidade de 70 a 80% são ideais para o desenvolvimento do inseto. Este, quando adulto, pode voar até 187 quilômetros em 24 horas.

Entre os danos diretos causados pela praga, destacam-se o murchamento das folhas, a queda no rendimento e a morte da planta. Os prejuízos indiretos trazem como consequência a elevação do custo de produção e restrições comerciais.