Psicólogos que atuam nas unidades prisionais do estado terão agora uma ferramenta importante para avaliar o grau de risco da reincidência criminal dos internos. Trata-se da Escala de Verificação de Psicopatia (PCL-R), conhecida como Escala Hare, tema de seminário iniciado, nesta quinta-feira (20), na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).

O instrumento, que pondera traços de personalidade dos indivíduos, foi apresentado a 42 psicólogos e serve para avaliar o grau de periculosidade e de readaptabilidade à vida comunitária dos presos custodiados pela secretaria.

A partir de estudos e de uma análise do comportamento dos internos, de maneira continuada, será possível detectar se o indivíduo possui características que possam levá-lo à reincidência. “Nós não temos o poder de predizer o que vai acontecer no futuro. Podemos apenas descrever que, com tais características, há maior probabilidade dessa pessoa voltar a delinquir, porque o próprio comportamento criminoso depende de múltiplos fatores”, destacou o coordenador do Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense do Departamento e Instituto de Psiquiatria de São Paulo, Antônio de Pádua Serafim, o instrutor da capacitação.

Ao psicólogo é dada a função de conhecer, dentro do praticável, o mundo psíquico do indivíduo para que seja possível construir hipóteses capazes de explicar sua conduta. Para isso, algumas questões são essenciais no momento da avaliação dos internos.

Ele precisa, por exemplo, ter claro todo o contexto no qual o diagnóstico está sendo feito, deve tomar conhecimentos dos fatos, realizar um cuidadoso estudo das hipóteses, para daí desenvolver uma estratégica eleição do instrumento de avaliação.

Instrumentos 

O uso de instrumentos psicológicos na avaliação da personalidade dos indivíduos é administrado de forma padronizada. Eles fornecem medidas quantitativas confiáveis e permitem comparar a amostra do comportamento de um determinado sujeito com o resultado de outros pertencentes à população geral ou grupos específicos.

A Escala Hare avalia a impulsividade, agressividade, a personalidade e o comportamento violento, entre outras características, que podem apontar psicopatia nos indivíduos. A SJCDH também dispõe de outros instrumentos para avaliar os internos.

Segundo a coordenadora de Gestão Integrada da Ação Penal da Superintendência de Assuntos Penais da secretaria, Conceição Sodré, foram adquiridos o House Tree Person (http) – teste de técnica projetiva de desenho casa/árvore/pessoa -, que auxilia na obtenção de informações sobre como uma pessoa vive sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente, e o Palográfico, que avalia a personalidade do sujeito e sua relação com o mundo.

Será feita uma pesquisa entre os psicólogos para saber quais precisarão ser capacitados para usar esses dois instrumentos. A capacitação sobre a Escala Hare, que se encerra sexta-feira (21), faz parte do Programa de Assistência Individualizada (PAI), que vem sendo executado pela SJCDH com o objetivo de reorientar a gestão das unidades prisionais no sentido da humanização da pena, da garantia de direitos sociais dos internos e da inclusão desses em políticas governamentais de proteção social.

O PAI está implantado no Hospital de Custódia e Tratamento (HCT), na Penitenciária Lemos Brito, no Conjunto Penal Feminino e no Conjunto Penal de Jequié e, até o final do ano, deverá ser implantado em todas as demais unidades prisionais do estado.