O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), órgão da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), numa ação inédita para proteger imóveis e conjuntos urbanos construídos sob a influência de arquitetos modernistas e art déco, na Bahia, está implantando a ‘Política Pública de Patrimônio Cultural’, que já atingiu aproximadamente 200 municípios baianos.

Com isso, já conseguiu aumentar em mais de 400%, os serviços de salvaguarda de bens culturais. A ação inclui orientações técnicas, tombamentos e registros de bens culturais – sejam eles materiais ou imateriais – exposições, seminários, lançamento de publicações, produção de vídeos-documentários educativos e a execução de obras de restauração, que já somam R$ 50 milhões, investidos em território baiano nos últimos três anos e meio.

Segundo o diretor-geral do órgão, Frederico Mendonça, o Ipac se esforça ainda para superar o déficit de demandas não-atendidas desde a década de 1970. Um dos exemplos é a igreja de Brotas, em Salvador, que há 30 anos a população do bairro solicitava para ser tombada, pedido que o programa de aceleração de atendimentos do órgão atendeu em setembro do ano passado.

Mas são os tombamentos inéditos de edificações com estilos arquitetônicos art déco e modernistas da Bahia que mais têm chamado atenção de especialistas, arquitetos, urbanistas, engenheiros civis, museólogos, artistas e gestores públicos do patrimônio cultural brasileiro.

A última edificação que o Ipac iniciou o tombamento foi do Hotel da Bahia, construção modernista de autoria do renomado arquiteto baiano Diógenes Rebouças – falecido em 1994 –, que também projetou a avenida Contorno, a Escola Parque e outras edificações, marcos da arquitetura no nosso estado.

O centro histórico da Estância Hidromineral de Cipó – considerado o conjunto arquitetônico-urbanístico art déco e neocolonial mais conservado do Brasil – é um dos principais exemplos dos novos tombamentos. Em Salvador, os edifícios Oceania (Farol da Barra), Dourado (Graça), A Tarde e Sulacap (Praça Castro Alves), o Caramuru (Comércio) – referência da arquitetura modernista brasileira –, o cine-teatro Jandaia (Baixa dos Sapateiros) e o Hospital Aristides Maltez (Brotas), já se encontram sob proteção de tombamento provisório do instituto.

“O tombamento auxilia na salvaguarda do patrimônio e também na sua preservação. E ao assegurar a permanência desses bens que traduzem a memória e a história de um povo, o Estado cumpre uma das suas mais importantes funções na área cultural. Ao tombarmos, estabelecemos um reconhecimento público oficial que possibilita aos proprietários dessas edificações melhor acesso às diversas fontes de financiamento, sejam elas municipais, estaduais, federais ou internacionais, pois as edificações tombadas têm prioridade nesses programas de preservação”, explica Mendonça.

Art Déco

Conjunto de manifestações artísticas, estilisticamente coesa, que se iniciou na Europa e se difundiu pela América do Norte e do Sul, inclusive chegando ao Brasil, a partir da década de 20. A expressão Art Déco se traduz no interesse pela decoração. Suas linhas seguem uma simetria, havendo integração/articulação entre arquitetura, interiores e design (mobiliário, luminárias e serralheria artística).

O art déco apresenta-se de início como um estilo luxuoso, destinado à burguesia enriquecida do pós-guerra, empregando materiais caros como jade, laca e marfim. A partir de 1934, ano de realização da exposição Art Déco no Metropolitan Museum de Nova York, o estilo passa a dialogar mais diretamente com a produção industrial e com os materiais e formas passíveis de serem reproduzidos em massa.

Arquitetura moderna

Modernismo foi um movimento artístico e cultural que se iniciou na Europa e começou a ter seus ideais difundidos no Brasil a partir da primeira década do século 20, por meio de manifestos de vanguarda, principalmente em São Paulo, e da Semana da Arte Moderna, realizada em 1922.

O movimento deu início a uma nova fase estética na qual ocorreu a integração de tendências que já vinham surgindo, fundamentadas na valorização da realidade nacional, e propondo o abandono das tradições que vinham sendo seguidas até então, tanto na literatura quanto nas artes.