O renomado especialista em técnicas de conservação e restauração de obras de arte, o paulista Raul Carvalho, garantiu, nesta terça-feira (1º), que não houve nenhuma alteração no estado de conservação das 62 peças originais de Auguste Rodin, expostas no Palacete das Artes desde 26 de outubro de 2009.

“A maioria das peças apresenta sinais de desgaste naturais a um processo de envelhecimento. Não há um problema com as peças aqui expostas. Elas chegaram assim e se encontram sem nenhuma alteração. As ferrugens já existiam desde Paris e não evoluíram”, disse o técnico.

Formado pelo Instituto Paulista de Restauro, com especialização na Argentina e Estados Unidos em restauração e conservação e 20 anos de experiência profissional, Raul veio especialmente a Salvador para fazer apurado estudo sobre o estado de conservação das obras.

A visita do especialista, que deveria acontecer ordinariamente a cada ano de permanência das obras na Bahia, foi antecipada para evitar informações improcedentes sobre pontos de ferrugem em algumas peças. Seu nome foi indicado pelos restauradores do Rodin Paris para acompanhar todo o processo de transferência das obras que vieram para Bahia.

Carvalho chegou ao Palacete das Artes, na manhã de segunda-feira (31), munido de equipamentos trazidos por ele, de seu escritório, em São Paulo, e até o início da tarde desta terça-feira (1º) analisou cuidadosamente cada peça.

Sobre a climatização feita nos salões do Palacete para controlar a umidade relativa do ar, Carvalho considerou “excelente. Esperava encontrar uma umidade relativa alta, beirando os 65%. Mas não. Está em torno de 50% a 55%, o que é excelente para uma cidade com a geografia de Salvador”.

Equívoco
Para viabilizar a saída das peças da França foram feitos Laudos Técnicos do Estado de Conservação (Condition Report), que são, segundo informações de Carvalho, “documentos, de fundamental importância para qualquer exposição, descrevendo o exato estado de conservação de uma obra de arte no momento do empréstimo”.

Ele explicou ainda que “devem constar absolutamente todos os problemas pré-existentes como craquelados, fissuras, perdas, manchas, áreas frágeis ou instáveis, entre outros. São elaborados sempre em conjunto, ou seja, pelo conservador/restaurador da instituição emprestadora, e o conservador/restaurador da instituição solicitante. Ambas as partes examinam as obras e assinam, concordando com seu estado de conservação”.

Com muita recorrência,  tem-se noticiado que as peças que compõem o acervo da mostra seriam “meras réplicas” sem autenticidade. Para Raul Carvalho este é outro grande equívoco veiculado pela imprensa.

Segundo o especialista, “originalidade em artes plásticas é relativa, ainda mais se tratando de escultura. Essas peças, que aqui estão, são consideradas como originais pelo Museu Rodin de Paris. Basta entender o processo criacional desse escultor. Ele esculpia no barro, na argila. Depois esse entalhe ia para o gesso, uma espécie de forma, de molde, e se tornava a obra. Saliento a originalidade destas peças expostas na Bahia. Ao analisá-las encontramos rabiscos feitos de grafite pelo próprio Rodin, o que lhes confere valor histórico e artístico imensurável”.

Mostra fica até 2012
Auguste Rodin: homem e gênio foi trazida a Salvador, onde permanecerá até outubro de 2012, por meio de acordo ao comodato feito entre a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) e o Museu Rodin Paris.