Ainda neste primeiro semestre, o governador Jaques Wagner deve autorizar o tombamento do único solar de Salvador originalmente edificado por representantes da abastada classe de produtores de açúcar, uma das principais atividades econômicas do século 18 na Bahia. Trata-se do Solar Bandeira, construído na segunda metade do século 18 pelo senhor de engenho Pedro Rodrigues Bandeira, que empresta seu nome à construção.

O processo de tombamento da edificação, localizada na Ladeira da Soledade, 126, no bairro de mesmo nome, na capital baiana, foi realizado pela equipe multidisciplinar do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) e encaminhado ao Conselho Estadual de Cultura, que já deu parecer favorável.

O dossiê está sendo analisado pelo jurídico da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e será encaminhado ao gabinete do governador, que faz as últimas deliberações e decreta o tombamento, com publicação no Diário Oficial do Estado.

Para o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça, o tombamento é importante pelo aspecto arquitetônico-histórico, representativo de época áurea da cidade, na qual se verificava o apogeu da arquitetura monumental, e porque assegura a salvaguarda do imóvel pelo poder público.

O dossiê do Ipac destaca que o palácio foi residência de Pedro Rodrigues Bandeira, um dos mais influentes baianos da época. “O comendador Bandeira foi um dos introdutores da navegação a vapor no estado e um dos financiadores do movimento pela independência da Bahia, que culminou com a entrada do exército libertador em Salvador, a 2 de julho de 1823”, explicou Mendonça.

O imóvel possui dois pavimentos, sótão com trapeira, ou janela sobre telhado, destacando-se ante o casario local e abrigando detalhamento peculiar no antigo jardim.

“O dossiê mostra que a concepção da fachada principal e o jardim voltado para a Baía de Todos-os-Santos eram reconhecidos como uma das áreas mais aprazíveis por estrangeiros que visitavam Salvador nos séculos 18 e 19”, disse Mendonça.