As portas do Palácio Rio Branco, conhecido também como Palácio dos Governadores, foram reabertas, nesta quinta-feira (10), para baianos e turistas que quiserem conhecer a história política, artística e cultural do estado. O prédio, o primeiro a abrigar os governos-gerais do Brasil, foi reinaugurado com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que se encantou com a imponência e beleza da arquitetura neoclássica.

Durante a solenidade de reabertura foram lançados pelo presidente e o governador Jaques Wagner, o Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador e o PAC Cidades Históricas. Esta é a primeira vez que um plano reconhece o Centro Antigo de Salvador (CAS), área que vai do Campo Grande à Calçada e toda sua abrangência, por seu significativo valor histórico, cultural, social, econômico.

“Quando viemos reinaugurar o palácio e anunciar outras ações para o Centro Histórico é porque queremos recuperar a história cultural da Bahia e de Salvador. Não iremos apenas colorir os prédios só para turistas fotografar. Queremos também dar mais qualidade de vida para a população e valorizar a cultura deste estado”, disse o presidente. Ele também visitou a exposição de fotos sobre o Centro Antigo, instalada no prédio.

De acordo com o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles, o Plano de Reabilitação é o resultado da cooperação técnica entre o Governo da Bahia e a Unesco, contando com um grupo gestor dos três níveis de governo e participação de 600 pessoas da sociedade civil. Ele explica que o documento aponta estratégias de desenvolvimento sustentável para a região e diversas ações concretas, parte delas já em andamento como a melhoria na iluminação pública e restauração do Mercado São Miguel.

O estudo, realizado durante dois anos, apresenta 14 propostas de integração social e econômica, de habitação, cultura, turismo, meio ambiente, segurança e patrimônio para o Centro Antigo da cidade.

“A ideia é que Plano de Reabilitação revitalize o Centro Antigo. Desde que o colocamos em prática já restauramos muitos monumentos e prédios históricos. Além disso, com todas estas obras, inclusive com a reabertura do Palácio, vamos resgatar o poder junto do povo e não longe. A primeira Casa dos Governadores voltará a ser local de despacho dos governadores e poderemos trazer de volta o poder para perto do povo”, afirmou o governador Jaques Wagner.

As proposições indicadas para a reabilitação da área são resultados dos estudos desenvolvidos por consultores, contratados pela Unesco, nas áreas social, econômica, urbanística, ambiental, turística e cultural, somados às contribuições da sociedade civil, por meio das Câmaras temáticas, e do workshop internacional – que contou com a participação de especialistas em revitalização de centros históricos da Europa e América Latina.

No total, serão destinados R$ 627 milhões, sendo que mais de R$ 240 milhões já estão garantidos, com o objetivo de implementar as 14 proposições definidas no documento. A meta do governo é aplicar os recursos até 2014.

Para apoiar o Plano de Reabilitação, representantes da Caixa Econômica Federal e da Secult assinaram um protocolo de intenções com objetivo fomentar à atividade econômica no Centro Antigo e incentivar o uso habitacional de edificações na região, assegurando a função social e institucional da propriedade, além do incentivo ao turismo e da cultura.

Também foi assinada a adesão do Estado ao PAC Cidades Históricas, com investimento de R$ 692 milhões para serem aplicados em 315 ações. O PAC tem como proposta, o restauro e a recuperação do patrimônio cultural de 16 municípios baianos localizados do sertão ao litoral sul, da Chapada Diamantina ao Recôncavo.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, explicou que as ações previstas do PAC Cidades Históricas envolvem requalificação de espaços públicos, construção de terminais de transporte e equipamentos urbanos. Os recursos serão investidos num prazo de até seis anos.

Municípios contemplados com PAC Cidades Históricas

Salvador (243 milhões), Cachoeira (105 milhões), Maragogipe (73 milhões), Santo Amaro (65 milhões), São Félix (36 milhões), Itaparica (6,2 milhões), Cairú (2,5 milhões), Santa C. Cabrália (3,7 milhões), Alagoinhas (8,9 milhões), Central (11 milhões), Cipó (35 milhões), Andaraí (21 milhões), Lençóis (8,9 milhões), Mucugê (9,5 milhões), Palmeiras (10,4 milhões) e Rio de Contas (17 milhões).

Visitas guiadas mostram acervo de inspiração renascentista

Após ter sido totalmente restaurado, o Palácio Rio Branco passa a abrigar o gabinete do Governo da Bahia, a Secretaria de Cultura e o Centro de Referência da Cultura Baiana. O centro servirá como um espaço de sistematização das informações culturais e turísticas, por meio de mapeamento e registro dos acervos histórico e cultural.

Foram necessários quase dois anos para que a restauração do Palácio Rio Branco fosse concluída. “Mas valeu a pena esperar”, afirmavam secretários, políticos e outros convidados que acompanharam o presidente durante a visita ao prédio histórico.

Com os olhares atentos a cada detalhe, eles conferiram de perto, o que baianos e turistas poderão ver a partir de sexta-feira (11) – os símbolos e emblemas republicanos, espalhados na nave e nas paredes, os salões e salas de inspiração renascentista, os elementos decorativos feitos de madeiras, os móveis esculpidos à mão e os espelhos banhados a ouro e prata.

Os visitantes também terão o prazer de colocar os pés no piso de vinhático, onde costumavam andar homens e mulheres que tinham o poder de decidir o futuro da Bahia. Os interessados terão acesso ao prédio por meio de visitas guiadas ou mesmo durante exposições.

O palácio, construído em 1549, encontra-se inserido na área tombada, desde 1984, como ‘Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Salvador’ pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura (MinC).

“Estamos felizes com a entrega do Palácio Rio Branco, que é um marco histórico do Brasil. Estão sendo feitas várias obras no Centro Histórico, que tenho certeza vai alavancar ainda mais o turismo baiano”, disse o ministro do Turismo, Luiz Barretto.

De acordo com o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça, a última obra de restauração ocorreu há 23 anos. Foram investidos mais de R$ 7 milhões do Ministério do Turismo, Banco do Nordeste (BNB) e contrapartida do Estado na reforma, por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur 2).

A equipe contratada do Ipac restaurou passeios em pedras portuguesas, além de todos os elementos artísticos e bens integrados ao monumento, incluindo vitrais, postes e luminárias antigas, forros, pinturas parietais, revestimentos, escada metálica, lustres de cristais, mobiliário histórico, elementos em cantaria, vidros decorados, lampiões e chafariz, entre outros.

Publicada às 17h35
Atualizada às 21h40