Representantes de 11 municípios de diferentes territórios de identidade participaram da primeira formação técnica das gestoras que atuarão nos organismos de enfrentamento à violência contra a mulher no interior da Bahia. Entre as gestoras, as articuladoras da Rede Estadual de Atenção à Mulher e integrantes das equipes técnicas dos centros de referência (CRs) e dos núcleos de atenção à mulher (NAMs).

O projeto é uma ação da Rede Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, coordenada e desenvolvida pela Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), com recursos da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. A formação faz parte de um conjunto de encontros com a proposta de otimizar os mecanismos e recursos da Rede de Atenção à Mulher.

Foram firmados acordos técnicos e financeiros que viabilizaram a instalação dos organismos nos municípios, contemplando os territórios, numa perspectiva de atuação em rede. A primeira formação técnica aconteceu no Hotel Vila Velha, em Salvador, de 24 a 28 de maio passado.

A proposta da formação foi despertar nas técnicas a possibilidade de ampliação do olhar e da ação diante das manifestações discriminatórias e preconceituosas perante as situações de violência contra a mulher.

Nessa perspectiva, foram abordadas a necessidade de garantir o acolhimento e a melhor forma de lidar com uma mulher envolvida em uma situação de violência. A metodologia adotada incluiu o estudo de módulos sobre aspectos legais, científicos e técnicos da violência de gênero, estratégias para acolhimento, intervenção e empoderamento da mulher e, por último, as questões de gênero, raça e diversidade. No total, a carga do curso foi de 40 horas.

Melhores práticas

A convocação foi feita pela Superintendência de Políticas para as Mulheres (SPM) da Sepromi, visando a reflexão sobre melhores práticas pela implementação e efetivação das políticas públicas para as mulheres na Bahia. “Chamamos e acompanhamos todas as gestoras para dar a ferramenta para o bom funcionamento dos centros de referência”, comentou a coordenadora de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da SPM, Lígia Margarida.

Ela explicou que um longo processo foi percorrido, desde o início de 2009, para se chegar ao atual estágio, em que se projeta a inauguração dos CRs de quase todos os territórios para acontecer ainda no primeiro semestre deste ano. “Vencemos várias etapas, que vêm dos projetos, passando pelas construções, sempre com visitas e o monitoramento da SPM, até chegarmos à inauguração”, disse.

Para Ana Cristina Lima, técnica do município de São Francisco do Conde, as políticas públicas para mulheres na Bahia ganharam consistência a partir da implantação dos organismos nos territórios de identidade. Além dos cuidados com as mulheres em situação de violência, Ana acredita que a formação possibilitou a percepção do quanto o racismo e o sexismo estão impregnados no inconsciente coletivo, a ponto de dificultar o entendimento das várias manifestações desses preconceitos.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, a facilitadora do curso, Rosângela Araújo, comentou a necessidade do entendimento de que “o combate ao racismo e ao sexismo é um pilar da construção de uma sociedade equânime. Portanto, uma ação fundamental”, destacou.