Situado em local estratégico, na avenida Paralela, próximo ao Centro Administrativo da Bahia (CAB), o Parque Tecnológico de Salvador-Bahia (TecnoBahia) continua com suas obras em ritmo acelerado.

O projeto é executado em uma área de 580 mil metros quadrados e foi desenvolvido para causar o menor impacto possível ao meio ambiente. Postes de madeira de reflorestamento e estruturas que aproveitam luz, água e ventilação naturais são alguns dos elementos adotados na construção do parque para que o espaço, desde já, se torne um exemplo para a Bahia.

Os acessos ao parque estão quase prontos e devem ser inaugurados até o fim deste ano. Para a infraestrutura, o governo baiano já aplicou R$ 11,6 milhões. A previsão é de que a estrutura predial, com investimentos de R$ 40 milhões, oriundos do governo federal, seja entregue no primeiro trimestre de 2011.

De um modo geral, parques tecnológicos são áreas que reúnem empresas e centros de pesquisa intensivos em tecnologia. As primeiras propostas para criação de um parque tecnológico que dinamizasse a economia local começaram em 2002. O levantamento para definir a área foi realizado em 2006, mas foi entre os anos de 2008 e 2009 que o parque saiu do papel e começou a ser erguido.

Segundo a engenheira de produção das obras do prédio central (TecnoCentro), Ila Lemos, para garantir que os serviços fiquem prontos o mais breve possível, centenas de trabalhadores da construção civil estão no canteiro de obras em jornadas ininterruptas.

“Incluindo carpinteiros, soldadores, armadores e pedreiros, estamos trabalhando com 250 operários, que realizam seus serviços das 7 as 17h, de domingo a domingo, em três frentes, simultaneamente. Os que estão envolvidos na parte estrutural trabalham até as 19h. Queremos terminar a estrutura na segunda quinzena de julho deste ano”, afirmou Ila.

O empreendimento, que vai estimular estudos na área de biotecnologia e energia, também é voltado à sustentabilidade. O intuito é estimular o desenvolvimento da região com a atração de empresas e unidades, formando uma cadeia produtiva consistente. Além da geração de empregos, os produtos e serviços vão contemplar as comunidades do entorno.

Geração de postos de trabalho de alta qualificação

O coordenador de pesquisa da Pró-Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Rogério Quintela, disse que os ganhos práticos estarão na geração de postos de trabalho de alta qualificação para pesquisadores e técnicos de nível superior e no estímulo ao empreendedorismo de base tecnológica na Bahia.

Para Quintela, a universidade cresceu e mudou muito nos últimos anos. “Paralelamente, o cenário nacional na área de ciência, tecnologia e inovação também se transformou, embalado por fatores econômicos e legais, como o crescimento e a estabilidade do país, aliados às denominadas ‘leis da inovação’. A Ufba, que não tinha uma única propriedade intelectual registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) até três ou quatro anos atrás, agora registra dezenas de propriedades, principalmente patentes, a cada ano. Assim, o surgimento do Parque Tecnológico de Salvador acontece em um momento muito propício”, avaliou.

Ele observou que o Conselho Universitário, principal órgão deliberativo da universidade, aprovou a criação de um campus avançado no TecnoBahia no início do ano passado e que a Ufba, o governo da Bahia e a Petrobras estão em fase final de negociação para a criação, por meio da universidade, de um grande laboratório de prestação de serviços tecnológicos à indústria do petróleo no parque.

O TecnoCentro vai abrigar as principais instituições de suporte à ciência e tecnologia do parque, sendo um ambiente de articulação entre a academia e as empresas. “Esse é um espaço de diálogo entre as universidades e os modernos centros de pesquisa, e estamos executando os serviços com um amplo esforço de governo”, destacou o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Feliciano Monteiro, durante visita às obras.

Entre as estratégias adotadas para estimular a participação empresarial e de outras instituições, o superintendente de tecnologia para a competitividade da Secti, Vinícius Teixeira, informou que, “para dar densidade ao sistema de inovação do Estado, estamos criando algumas alternativas, a exemplo da indução pública de alguns equipamentos que serão catalisadores dos grupos de pesquisa já existentes e de novos que estamos atraindo e fomentando nas áreas prioritárias”.

A gestão do parque seguirá o modelo predominante no Brasil, por meio de uma organização social (OS), com representação dos três segmentos: governo, empresariado e academia.

Resgate da fauna e flora

Foi estabelecido um processo de resgate da fauna e flora originais, com o plantio de mudas de espécies nativas que não existem mais no local. A implantação do parque vai manter preservada grande parte da área verde do loteamento. Com forte apelo ambiental, o projeto foi cuidadosamente pensado dentro de um conceito de desenvolvimento sustentável.

Pesquisas relacionadas ao meio ambiente – um dos temas que mais demandam estudos no mundo inteiro – estarão entre os eixos prioritários. Além do compromisso em prol do desenvolvimento de pesquisas ambientais, o secretário destacou que as obras já cumprem rigorosos critérios da área ambiental.

“Temos nos preocupado muito com o foco ambiental. Como temos muitas chuvas em Salvador, se a água não tiver caminho, teremos inundação. Implantamos aqui um piso intertravado, que permite a passagem da água. Além disso, teremos um sistema de reutilização da água. É o que chamamos de ‘água cinza’. Ou seja, a água da pia será refratada e posteriormente utilizada, inclusive, para regar as plantas do parque”, informou Monteiro.

A implantação do parque também vai manter preservada grande parte da área verde do entorno. O projeto foi cuidadosamente pensado dentro de um conceito de desenvolvimento sustentável.

O TecnoBahia vai agregar quatro grandes áreas: tecnologia da informação e comunicação, energia e meio ambiente, biotecnologia em saúde e engenharias. Teixeira declarou que outras áreas também devem ser potencializadas. “São grandes áreas e algumas delas são transversais a elas, como a parte de robótica, genética e nanotecnologia, que também pretendemos fomentar dentro da política estadual”, explicou.