A Fonte do Tororó, bem cultural tombado pelo Estado, localizada na Rua Monsenhor Rubens Mesquita, no Tororó, já não recebe mais o esgoto proveniente das casas que foram sendo construídas no entorno de forma desordenada, numa área que já tinha sido completamente saneada nos anos 90. Apesar de mais da metade da estrutura da fonte estar soterrada, a água que escorre do minadouro é límpida.

A obra, concluída no início deste mês pela Embasa, durou dois meses e construiu uma estrutura que reúne o esgoto das cerca de 400 moradias em uma rede coletora que leva o efluente para a estação de condicionamento prévio do Lucaia, no Rio Vermelho.

A topografia acidentada e a dificuldade de acesso apresentaram alguns obstáculos para o transporte de materiais durante a construção da rede coletora das casas que lançavam esgoto bruto no riacho formado pela fonte. Para monitorar a qualidade da água da Fonte do Tororó, a Embasa vai coletar mensalmente amostras para análise dos parâmetros microbiológicos no laboratório da empresa.

Eventuais inconformidades nos resultados das análises servirão de orientação para o setor de ligações domiciliares de esgoto da Embasa verificar se existem imóveis nesta área que ainda não estão ligados ao sistema de esgotamento sanitário.

“O esgoto ficava a céu aberto e concentrado ao redor da fonte. O mau cheiro era grande e havia muita lama. Nós até achamos que uma vizinha pegou meningite por conta desta água”, contou Crisângela Conrado de Matos, que vive no local com o marido e três filhos há seis anos. Hoje ela aponta benefícios. “Você vê que os peixes estão na água. Isso não era visto aqui. Não há mais fedor. A nossa maior batalha agora é impedir que as pessoas joguem lixo nesta região, para que não acumule e prejudique, mais uma vez, este lugar importante”, disse Crisângela.

Fontes de história
As fontes ocupam um lugar importante na história de Salvador, pois foram os principais mananciais de abastecimento da capital baiana até a primeira metade do século 19. Em 1829, existiam 20 fontes de água em Salvador, segundo relação realizada por Domingos José Antônio Rebela. Eram feitos chafarizes, cisternas e cacimbas por toda a cidade, até começar a construção das redes de abastecimento, na segunda metade do século 19.

Fontes como as de Santa Luzia, Fonte Nova (que deu nome ao estádio de futebol), Água de Meninos (no seu entorno, mais tarde se desenvolveu a maior feira livre da cidade), Água Brusca, do Boi e tantas outras carregam um significado histórico para a cidade.