“O Produzir teve um desempenho totalmente satisfatório”. Foi assim que o representante do Banco Mundial (Bird), Edward Brasnyan, especialista em Desenvolvimento Rural, definiu a trajetória do Programa de Combate a Pobreza Rural (PCPR), conhecido na Bahia como Produzir, em visita feita ao estado nesta semana.

Uma missão de supervisão realizou reuniões na sede da Companhia de Desenvolvimento e Ação regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), e visitas de campo nos municípios de Araci, Ribeira do Pombal e Tucano e registrou o progresso na execução do empréstimo de US$ 53 milhões.

Na ocasião foi discutido empréstimo aditivo de US$ 30 milhões para financiar cerca de mais 800 projetos comunitários, nos próximos três anos. O novo financiamento foi aprovado em julho do ano passado e aguarda a tramitação do Senado. De acordo com o diretor-executivo da CAR, José Pirajá, o programa encerra, no dia 31 deste mês, mas o órgão já está trabalhando para o novo Produzir. “Esse empréstimo complementar vai ajudar a concluir as ações já iniciadas e servir para alavancar o nosso próximo grande passo”.

Até hoje foram conveniados 1.742 subprojetos, com aplicação de R$ 208,2 milhões, beneficiando 159 mil famílias com infraestrutura, saneamento e geração de renda. Segundo Edward, o aproveitamento dos recursos doados foi de 100% e, além disso, a CAR conseguiu fomentar várias parcerias visando à integração de outros programas federais e estaduais, voltados para o desenvolvimento rural.

Visitas de campo

Com as visitas ao Centro de Artesanato em Caldas do Jorro, no município de Tucano, à unidade de beneficiamento de mel da Cooperativa de Apicultores (Cecoapi), em Ribeira do Pombal, e à obra de recuperação e ampliação da barragem de terra na comunidade de Serra Branca, em Araci, a missão do Banco Mundial – formada por Edward Bresnyan e pelo especialista ambiental, Augusto Mendonça -, acompanhada do coordenador do Programa Produzir, Ivan Barreto, e de técnicos da CAR – pode conhecer de perto o sucesso e o impacto social e econômico alcançado por esses três empreendimentos financiados pelo Bird, por meio do Produzir.

“A gente trabalhava em barraca, tomando chuva e poeira, e nesses boxes as condições são melhores. Nós estamos no céu porque as vendas cresceram bastante e podemos trabalhar mais sossegados”, comemorou Maria das Graças Silva, uma das pioneiras do Centro de Artesanato do Jorro, que trabalha com um dos quatro filhos no empreendimento.

O presidente da Associação dos Pequenos Produtores de Artesanato de Caldas do Jorro, fundada há 12 anos, Manoel Ilmar Nunes Reis, corrobora o sucesso alcançado pelo Centro de Artesanato, inaugurado há três anos, que inclusive vem servindo de inspiração para outros municípios.

O investimento inicial aprovado pela CAR e Banco Mundial, de R$ 187 mil, que permitiu a construção de 60 boxes, beneficiando 46 associados, melhorou a renda destes trabalhadores e organizou o comércio local. De lá até os dias de hoje, a associação já reinvestiu cerca de R$ 30 mil em obras de infraestura e já solicitou à CAR a ampliação do centro para atender a mais 28 famílias associadas que não foram incluídas na primeira etapa.

“A nossa vida melhorou sob todos os aspectos, pois uma coisa é se trabalhar precariamente em uma barraca e outra é ter um ponto fixo, onde se tem liberdade e autonomia para comprar, organizar e expor mercadorias, com a alegria de poder fechar e abrir o seu comércio”, afirmou Manoel, revelando que houve um crescimento de 70% nas vendas com o funcionamento do centro comercial.

Em Pombal, a infraestrutura e organização da unidade de beneficiamento de mel da Cecoapi, cuja meta é comercializar cerca de mil toneladas do produto este ano, surpreenderam a missão do Bird. Hoje, 70% da produção são exportadas, sendo de 15% a 20% direcionadas à merenda escolar e o restante é absorvido na região.

São 170 cooperados, de quatro municípios, que fornecem o produto e trabalham para o empreendimento. “A tendência é aumentarmos a produção e o número de apicultores”, destacou o presidente da Associação dos Apicultores das Comunidades Pombalenses (Aascomp), associada à Cecoapi, Tiago Anselmo Pereira de Almeida.

A recuperação e ampliação da barragem no distrito de Serra Branca, em Araci, coordenada pela Associação dos Moradores de Serra Branca, beneficiou diretamente as 60 famílias do povoado e indiretamente centenas de moradores de outras comunidades vizinhas. O custo da obra, de R$ 170 mil, foi muito inferior ao esperado e proporcionou água de qualidade para o uso humano e a agricultura.

Atualmente, mais de cinco famílias sobrevivem de agricultura orgânica no entorno da barragem, a exemplo de Seu Júlio da Silva, que sobrevive da venda de verduras e legumes que cultiva em sua propriedade com mais cinco familiares. “Os produtos têm uma grande aceitação e o potencial de crescimento é muito grande”, disse. A presidente da Associação, Nilmara Lima da Silva, só tem a comemorar. “Com a barragem recuperada, a qualidade de vida de todos na comunidade melhorou consideravelmente”.

Produzir

O Produzir atua em 407 municípios baianos e é executado com financiamento do Banco Mundial, do Governo do Estado e a participação dos beneficiários. A meta principal é promover a redução da pobreza rural, por meio de financiamentos não reembolsáveis de pequenos investimentos de infraestrutura e de apoio à produção, orientados para promover a geração de ocupação e renda para as comunidades rurais pobres. Para atingir esses objetivos, o programa adota como estratégias principais a descentralização e a participação comunitária, o que possibilita ampliar o espaço de exercício da cidadania do homem do campo.