Ao colocar em prática o projeto pioneiro de horta medicinal, o Colégio Estadual Casa Jovem, em Igrapiúna, a 272 quilômetros de Salvador, incentiva os estudantes e seus e familiares a participar de oficinas, plantar, colher e, agora, vão poder reforçar a rendar familiar com a comercialização de ervas medicinais como o hortelã rasteiro, manjericão, erva-cidreira, capim-santo, alecrim-pimenta, hortelã-japonesa, cravo-da-índia e citronela. Para isso, a unidade está se preparando para a implantação de um laboratório de processamento das ervas. A ideia é distribuir os medicamentos fitoterápicos nos Postos de Saúde da Família da região. A ação contará com um investimento de R$ 420 mil da Secretaria da Educação do Estado da Bahia.

A aluna Domingas Vilas Boas, 37 anos, se orgulha de estar junto ao marido e os três filhos envolvida na ação. “Agora teremos remédios naturais na porta de casa”. Segundo ela, o projeto incentiva os meninos a estudar e trabalhar ao mesmo tempo, além de aprender a lidar com a horta.

A proposta do projeto é reconhecer e valorizar os saberes da terra e da cultura popular. Além disso, a horta tem foco acadêmico. “Durante as oficinas, os participantes são capacitados para trabalhar com conceitos de Física, Química, Matemática, Português e Biologia. Em vez de jogar o conceito, trazemos para eles a prática. Isso tem muito mais sentido para o aluno”, explica o idealizador do projeto, o farmacêutico Vilmar Barbosa, que é parceiro da escola.

Paralelo ao cultivo foi elaborado um estudo etnobotânico, por meio do levantamento das espécies com potencial financeiro. Vilmar Barbosa explica que das 34 ervas pesquisadas foram identificadas 12 plantas com potencial curativo, que podem gerar renda para as famílias.

Integração com a família 
“O principal ganho que temos percebido é a integração com a família, o maior aproveitamento da terra, a elevação da autoestima dos estudantes que participam do projeto, o protagonismo juvenil e o fato de estarmos investindo para o futuro dessas famílias”, diz o diretor Francisco Nascimento.

A escola atende 726 alunos e oferece Educação de Jovens e Adultos, ensino fundamental II e o curso técnico de agroecologia no ensino médio integrado à educação profissional. Funciona na zona rural, dentro da Fazenda Juliana, em área cedida ao Governo do Estado. O terreno está dentro da Área de Proteção Ambiental de Pratigi. Os alunos são oriundos de comunidades como Jacuba, Jubeba, Feira do Rato e Km 25.

Além da horta medicinal, o colégio possui também um viveiro de hortas onde se cultivam plantas para o consumo. Entre elas, cenoura, alface, couve, beterraba, coentro, salsa, quiabo que são usados para complementar a alimentação escolar de 350 alunos que estudam na modalidade tempointegral.

A unidade desenvolve ainda um projeto de integração com a comunidade quilombola de Laranjeira, com o objetivo de fortalece a identidade cultural local e ajudar a revitalizar as danças remanescentes de quilombo, a exemplo da zabelinha e enrolador.

Além da SEC/BA, o projeto da horta medicinal conta com o apoio do Ministério da Agricultura e da Fundação Odebrecht. “Pensamos em atender, inicialmente, 12 comunidades. Já estamos em 20 e tem 40 interessadas em participar. As plantas medicinais fazem parte da vida das pessoas do campo”, enfatiza Vilmar Barbosa.