A Polícia Civil prendeu na madrugada desta sexta-feira (16) dois homens acusados de matar, em 2007, o ambientalista de Itapuã Antônio Conceição Reis, também conhecido por “Nativo”. Carlos André Santana, 40 anos, que confessou o crime, e Ricardo Almeida, 21, foram presos na Baixa do Soronha, em Itapuã, após uma denúncia anônima e, à tarde, foram apresentados à imprensa na sede da Polícia Civil, na Praça da Piedade, centro de Salvador.

Os dois homens são acusados ainda do assassinato de um integrante da quadrilha, que também estaria envolvido com o crime do ambientalista, além de tráfico de drogas e assalto a banco. De acordo com o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Cláudio Oliveira, o homicídio foi motivado porque os envolvidos acreditavam que o ambientalista e líder comunitário estaria passando informações a Polícia sobre os pontos de tráfico em Itapuã, principalmente na Baixa do Soronha.

“O ambientalista estava tentando melhorar a vida da comunidade, levando representantes de órgãos públicos para elaborar projetos de esgotamento sanitário, abastecimento de água e construção de casas populares. Mas os fiscais dos órgãos só iam ao local com a presença da polícia, por isso, os traficantes começaram a achar que o líder comunitário passava informações, apontando as ‘bocas”, disse o delegado.

Foram apreendidas com os acusados duas armas de fogo – usadas durante o crime -, seis aparelhos de celular, drogas, balança de precisão e um livro de contabilidade. “Este é o resultado de um trabalho de investigação desenvolvido durante todos estes anos pela Polícia. É uma resposta à sociedade, que cobrou a elucidação do crime”, afirmou o delegado chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo. O delegado dá o caso como encerrado. O inquérito com 332 páginas, instaurado na 12ª Delegacia (Itapuã), será encaminhado para a Delegacia de Homicídios (DH), no Complexo Policial dos Barris, onde terá continuidade.

Queimado 
Líder comunitário, Antônio Reis lutava pela preservação do Parque do Abaeté e se tornou alvo dos traficantes depois que, na esperança de conseguir obras de urbanização para a Baixa do Soronha, passou a acompanhar técnicos da Conder no local. Para garantir maior segurança à equipe do órgão estadual que visitava a área, as incursões na Baixa do Soronha eram feitas sob escolta policial.

Por acreditar que o ambientalista estava atrapalhando o comércio de drogas na região, os traficantes decidiram matá-lo. A vítima foi baleada e, em seguida, colocada em um veículo EcoSport, que havia sido tomado de assalto, sendo levada para Vila de Abrantes, onde o corpo foi queimado juntamente com o carro.

De acordo com o delegado Cláudio Oliveira, um revólver calibre 38 e uma pistola 380, apreendidos com a dupla, serão submetidos a exames no Departamento de Polícia Técnica (DPT), para averiguar se foram as mesmas armas usadas para matar Antônio Reis e o traficante “Bigode”.

O quarto acusado do crime conseguiu fugir. Além de indiciados por homicídio qualificado, Carlos André e Ricardo da Paixão também foram autuados em flagrante por tráfico de drogas, posse ilegal de arma e formação de quadrilha.

Publicada às 18h05
Atualizada às 19h50