O racismo é determinante social das condições de saúde no Brasil. Esse foi um dos problemas abordados na terça-feira (3) pela médica Jurema Werneck, representante do Conselho Nacional de Saúde, durante reunião técnica de implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra.

No encontro, coordenado pela Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), ela elencou outros desafios como a dificuldade de acesso aos serviços de saúde pública, e caracterizou a vulnerabilidade das pessoas negras a partir de dados do Ministério da Saúde.

Os debates, realizados no Bahia Othon Hotel, foram encerrados nesta quarta-feira (4) e tiveram como principal objetivo avaliar os avanços, desafios e experiências de profissionais da área e de representantes de órgãos de saúde das três esferas de governo.

Entre os expositores, além de Jurema Werneck, estiveram a diretora do Departamento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Ana Maria Costa, e os secretários da Saúde do Estado de São Paulo, Luís Eduardo Batista, e de Recife, Miranela Arruda.

Metas diferenciadas 

Para a gestora federal, que também acusou a necessidade de acabar com a discriminação por racismo no âmbito da saúde pública, é preciso definir metas diferenciadas para modificar índices como aqueles relativos à mortalidade materna, que apontam mais as mulheres negras.

“Há indicadores de que elas procuram menos os serviços porque são discriminadas nesses ambientes”, declarou Ana Maria, lembrando que as pesquisas acusam que o risco de morte das mulheres negras é sempre maior do que o das brancas.

“Esses dados têm que ser revertidos. Afinal, tudo que está relacionado à morte materna pode ser evitado. Logo, esse é um tipo de morte avisada”, alertou a secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros.

Já a médica Jurema Werneck reconheceu que o “Sistema Único de Saúde, o SUS, é justo, mas carece de adequações”. Ela destacou como desafios para a política nacional de saúde da população negra tanto a necessidade de um sistema inclusivo, quanto o confronto com o racismo.

Entre as ações que devem ser adotadas para dar visibilidade às disparidades no atual sistema, Jurema sugere a coleta e divulgação de dados epidemiológicos, segundo a cor do paciente; o mapeamento das condições de acesso da população negra ao SUS; mapeamento da qualidade das ações e serviços, segundo a cor e a localidade; e o estabelecimento de mecanismos de informação e diálogo com a população negra.