Sankai juku, grupo de dança contemporânea japonês, apresenta-se nesta quarta-feira (22), às 21h, na Sala Principal do Teatro Castro Alves, pelo projeto Série TCA 2010 – Ano XV, com o espetáculo Tobari – Como num Fluxo Inesgotável. O público baiano conhecerá a linguagem coreográfica do butô, marca da peculiar estética do grupo. Os ingressos (inteira) custam R$ 80 (filas A a P), R$ 60 (filas Q a Z) e R$ 40 (filas Z1 a Z11).

Criado na década de 1970, o grupo já visitou muitos países e é atualmente uma das companhias japonesas que mais se apresentam no exterior. Seu fundador, Ushio Amagatsu, é um dos responsáveis pela disseminação do butô, movimento cultural surgido na Japão dos anos 1950. Em “Tobari”, os oito bailarinos evocam a relação com a natureza e com o cosmo.

Tobari diz-se de um pedaço de tecido que separa um espaço em duas partes. Poeticamente, essa palavra é também empregada para evocar a passagem do dia à noite, representando, no espetáculo também o antagonismo entre o presente e o futuro. No cenário, estrelas preenchem o fundo, um feixe de luz marca a área oval que significa terra firme e o conjunto da postura de cada membro aperfeiçoa a fusão com a natureza.

Sankai Juku 

O grupo japonês surgiu em 1975, liderado por Ushio Amagatsu. Uma série de longos estágios com diversos bailarinos e bailarinas selecionou os componentes para criar uma companhia, entre os quais ficaram apenas os homens. De forma natural, o Sankai Juku tornou-se um grupo masculino, e o nome significa literalmente “o ateliê (oficina) da montanha e do mar”, dois elementos determinantes da topografia do Japão.

O grupo é a segunda geração de dançarinos que trabalham com o butô, linguagem artística que lançou as bases para a abordagem da dança contemporânea japonesa a partir do final dos anos 1950 e surgiu como uma reação ao contexto sociocultural marcado pela repressão e agressão ocidentais do pós-Segunda Guerra.

O nome original, Ankoku Butoh, pode ser traduzido como dança da escuridão profunda. Este tipo de coreografia combina dança e teatro, exigindo do bailarino, que tem o corpo pintado de branco, a capacidade explorar movimentos surreais, lançando-se ao subconsciente e à dramatização de sentimentos que emergem da reflexão sobre quem somos no mundo em que vivemos.

A pesquisa pessoal de Ushio Amagatsu está baseada em um diálogo com a gravidade, que o bailarino utiliza não como adversária, mas como aliada ao seu movimento. Enquanto o dançarino ocidental tenta esquivar-se dela por meio de sua energia em saltos e piruetas, Amagatsu busca dialogar por meio de um movimento focado em concentração e economia de dispêndio muscular.

Outros espetáculos agendados pelo projeto

Realizada pela Secretaria de Cultura da Bahia, por meio da Fundação Cultural do Estado e do Teatro Castro Alves, a Série TCA está comemorando em 2010 seu 15º ano. Criado com o objetivo de inserir Salvador e a Bahia no circuito internacional de grandes espetáculos, o projeto tem trazido para a Sala Principal do TCA alguns dos mais renomados artistas e companhias de dança, música e teatro do mundo.

Na atual temporada já se apresentaram o Ballet Imperial da Rússia, a São Paulo Companhia de Dança, o pianista polonês Jan Krzysztof Broja, que realizou um concerto junto com a Orquestra Sinfônica da Bahia, o Duo Assad com o Turtle Island String Quartet e a companhia mineira de dança Grupo Corpo.

Após o grupo Sankai Juku, apresentam-se ainda o trompetista norte-americano Irvin Mayfield, juntamente com a New Orleans Jazz Orchestra (24), o grupo musical Gotan Project, com seu tango contemporâneo, e a soprano norte-americana Jessye Norman, que finaliza a temporada da Série TCA (13 e 15 de outubro), respectivamente.