Nos últimos dez anos, o mercado de trabalho baiano apresentou um aumento da taxa de participação. Entre 1999 e 2009, passou de 61,5 para 63,5%, em tendência oposta à verificada no Brasil e no Nordeste, onde as taxas passaram, respectivamente, de 61 para 59,7%, e de 61,1 para 59,6%. As informações constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad 2009/IBGE), analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan).

Apesar do crescimento da pressão sobre o mercado de trabalho baiano, expresso pelo comportamento da taxa de participação, a Pnad 2009 indica que a taxa de desemprego se manteve no mesmo patamar de 1999, em torno de 9,3%, apresentando uma trajetória crescente no início da década de 2000 e voltando a este patamar nos anos finais analisados.

Para o Brasil, onde diminuiu a pressão ao longo da referida década, a taxa variou de 9,6 para 8,3%. Já no conjunto do Nordeste, mesmo com o arrefecimento da taxa de participação, a taxa de desemprego cresceu de 8 para 8,9%, de 1999 para 2009.

Nas três escalas geográficas (Brasil, Nordeste e Bahia), as menores taxas de desemprego registradas no período 1999-2009 ocorreram no ano de 2008, sendo, respectivamente, de 7,1%, 7,5% e 9%. Os dados disponíveis foram sistematizados pela Diretoria de Pesquisas da SEI a partir do Banco Multidimensional de Estatística (BME/IBGE).

“O ano de 2008 foi um período em que a economia brasileira, até o terceiro trimestre, vinha apresentando um excelente ritmo de crescimento. Já em 2009, os dados evidenciam os efeitos da crise sobre o mercado de trabalho nacional. No caso baiano, especificamente, contabilizou-se um aumento da taxa de desemprego de 9%, em 2008, para 9,3%, em 2009.

Situação semelhante foi constatada nas duas outras escalas geográficas em questão. “Mas na Bahia o crescimento do desemprego se manifestou com menor intensidade”, ressaltou o coordenador de Pesquisas Sociais da SEI, Laumar Neves.

Mais exigência

Os níveis de exigência com relação à educação formal dos trabalhadores baianos se elevaram no decorrer da década de 2000. O fenômeno foi também visualizado no conjunto do país e do Nordeste. Em termos relativos, foram os trabalhadores com as melhores credenciais ocupacionais que mais ampliaram a participação no conjunto da ocupação.

Em 1999, o grupo de trabalhadores com 15 anos ou mais de estudos respondia por 2,4% de toda a ocupação baiana, ao passo que, em 2009, passou a responder por 5,4% dos ocupados, crescendo, proporcionalmente, acima do Brasil (de 6,7 para 10,7%) e do Nordeste (de 3,4 para 6,3%).

Para o período 1999-2009, a SEI constatou uma ampliação da proporção de contribuintes ao instituto da previdência, saindo de 24,4 para 35,7%, correspondendo a 11,3 pontos percentuais de incremento, pouco superior ao número encontrado para o Nordeste (11,1 pontos) e acima do apurado no Brasil (9,8 pontos percentuais). No plano nacional, essa proporção já alcança a marca de 53,3%.

Rendimento

A análise da distribuição das famílias baianas por classe de rendimento revela que no período 1999-2009 houve uma queda substantiva na proporção de pessoas sem rendimento, passando de 22,4 para 16,1%. Este fenômeno é também constatado no país e no Nordeste, onde esse indicador passa, respectivamente, de 14,3 para 8,9% e de 24 para 15,5%.
No mesmo período, aumentou o número de pessoas que recebem até meio salário mínimo na Bahia (de 9,9 para 20,9%) e que recebem mais de meio salário até um salário mínimo (de 25,3 para 28,3%).