Para ampliar a bilateralidade comercial entre o Brasil e a Índia, um grupo composto por 12 empresários indianos se reúne nesta quarta-feira (22) no Hotel Deville, em Salvador, numa oportunidade para que representantes do governo e da iniciativa privada da Bahia apresentem as potencialidades locais.

Em abril de 2009, uma comitiva do governo visitou a Índia e apresentou as principais vocações econômicas e as vantagens de investimento na Bahia. Na ocasião, foi feito um convite às lideranças estaduais para que conhecessem a região.

O vice-presidente da Bahia Mineração e diretor do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (Cieb), Clóvis Torres, também esteve na Índia. Ele acredita que é uma reciprocidade da visita que a comitiva baiana fez àquele país, onde apresentou o estado a um grupo grande de empresários.

A expectativa é que o encontro de Salvador estimule negócios entre os dois países em áreas como indústria, comércio, mineração, agronegócio, ciência e tecnologia. O presidente da Câmara Brasil-Índia, Roberto Paranhos, ressaltou que, apesar das diferenças culturais, os dois países têm potencial e chances reais de ampliar os negócios. “A Índia tem seis vezes a população do Brasil, mas processa apenas 3% dos alimentos. O Brasil é bem evoluído nessa questão. Então, os indianos vieram buscar isso. A Bahia tem uma vocação indiscutível em várias áreas, além da alimentação. O polo automotivo, por exemplo, é um setor que tem crescido na relação bilateral de autopeças e só tem a evoluir. Mais importante do que exportar, o ponto principal com a Índia é fazer parcerias, os joint ventures (empreendimentos conjuntos)”, explicou Paranhos. Ele lembrou que, além de novos acordos comerciais, há a possibilidade de ampliar os investimentos indianos já existentes na Bahia. “Os indianos já estão presentes aqui no estado na área de mineração”.

Durante a fala de abertura do evento, o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, declarou que o comércio bilateral entre o Brasil, através da Bahia, e a Índia tem condições de ser ampliado. “Temos riquezas naturais muito fortes. Vejo um grande leque de oportunidades com a Índia, especialmente na questão alimentar, não só na exportação de produtos in natura, como também com a atração de investimentos para agroindustrialização e, posteriormente, exportação de alimentos industrializados para este país que possui a segunda maior população mundial”, afirmou Salles.

O indiano Arvind Vijh é um dos diretores da empresa de consultoria empresarial Deloitte, no Canadá, que tem atuação nas Américas. “Nosso foco é trabalhar com os clientes da Índia que querem investir nessa parte do mundo. O Brasil é muito importante para nós. São dois mercados que crescem muito rápido e se saíram muito bem da crise financeira. Existem muitas oportunidades que se complementam. O Brasil, na agricultura, bioenergia, etanol, e a Índia, na área de manufaturas farmacêuticas, por exemplo”.

Atualmente, o Brasil exporta para a Índia produtos químicos, petroquímicos e minérios e importa fios naturais e óleo diesel. De acordo com o Promo – Centro Internacional de Negócios da Bahia, em 2009, somente a Bahia exportou US$ 34 milhões para a Índia.

Esta semana, a missão indiana também esteve reunida com lideranças empresariais e políticas de São Paulo. Depois da Bahia, o grupo segue para o Paraguai.

Oportunidades de negócios

O superintendente de Indústria e Mineração da Bahia, Paulo Britto Guimarães, observou que as oportunidades de negócios da Bahia estão de acordo com o perfil dos empresários que visitam o Brasil. “Temos um potencial enorme na área de mineração. Diversos projetos de grande porte já estão chegando aqui para exploração de bauxita e ferro. Os projetos de infraestrutura que estão sendo realizados no estado tornam essas oportunidades ainda mais interessantes e criam condições logísticas para novos empreendimentos”, destacou Guimarães.

As possibilidades de investimento em ciência e tecnologia também serão apresentadas pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). “Nesta missão indiana há empresas do ramo de biotecnologia e tecnologia da informação. Colocaremos um dos principais pontos da secretaria: o Parque Tecnológico de Salvador. A ideia é sensibilizar as empresas indianas em pesquisa e desenvolvimento, que é o projeto básico do parque. Temos quatro áreas-foco: engenharia, tecnologia da informação, biotecnologia e energia, além do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica (Inovatec), que também trata de incentivos para quem se instala na Bahia”, disse o superintendente. O evento é uma iniciativa da Câmara de Comércio Brasil-Índia, Apex Brasil e Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).

Publicada às 10h10
Atualizada às 14h15