O complexo arquitetônico do Pilar, construído no século 18 na falha geológica de 70 metros de altura que divide a cidade do Salvador em dois níveis, é o próximo monumento do Projeto Visitas Guiadas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão da Secretaria de Cultura do Estado. As visitas são gratuitas, abertas a qualquer interessado e guiadas por historiadores e arquitetos especialistas em obras de restauro.

“O projeto segue diretrizes das políticas culturais do governo Wagner e garante acesso público às obras do Ipac no Centro Histórico de Salvador”, explica o coordenador do Visitas Guiadas e historiador do Instituto, Igor Souza.

As obras do Pilar serão abertas ao público nesta quinta-feira (14), a partir das 9h. O agendamento prévio é obrigatório, pelos telefones: (71) 3117-6491 e (71) 3117-6492, ou pelo e-mail visitasguiadas.ipac@gmail.com.

Pesquisadores
A maior parte de interessados nas Visitas Guiadas do Ipac é formada por estudantes, pesquisadores, professores universitários, guias de turismo e turistas. Além do Pilar, são visitadas as igrejas do Boqueirão e Rosário dos Pretos, e a Casa das Sete Mortes, todos monumentos tombados como Patrimônio do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Palácio Rio Branco, prédio restaurado pelo Ipac e reaberto pelo presidente Lula em junho, também tem Visitas Guiadas, mas com monitores treinados. O complexo arquitetônico do cemitério e igreja de Nossa Senhora da Conceição do Pilar, tombado pelo Iphan desde 1938, fica na base da encosta de 70 metros de altura que separa as cidades alta e baixa, em Salvador. Segundo historiadores, os prédios foram construídos ali, pois até o século 18 as águas da Baía de Todos-os-Santos chegavam até o local hoje conhecido como avenida Jequitaia, próxima à igreja.

Nos últimos 20 anos, moradores das imediações jogaram tantos descartados nas construções seculares que se acumularam 2,5 mil toneladas de entulho que o Ipac teve que retirar antes de começar a restauração. “A quantidade de entulho foi tanta que ocasionou desmoronamento da contenção, obstrução do cemitério e antigas catacumbas”, explica o arquiteto fiscal do Ipac, João César Ribeiro.

Mérito arquitetônico
Com R$ 3,5 milhões já investidos pelo Prodetur/Ministério do Turismo e governo da Bahia, as obras serão finalizadas até 2011 graças ao PAC de Cidades Históricas do governo federal coordenado pelo Iphan.

Após retirar o lixo, o Ipac construiu contenção e muro que separa a Ladeira do Pilar do complexo, de modo a evitar que joguem mais lixo nos monumentos. Para retirar o entulho foram necessários 22 operários e dois meses e meio de trabalho.

Ao visitar o monumento em 2009, o governador Jaques Wagner vistoriou a área já desobstruída, admirando o cemitério que tem 20 colunas de sete metros de altura, cada uma, compondo o prédio monumental de 17 metros de altura construído sob a influência do estilo neoclássico.

A igreja e cemitério são considerados edificações de notável mérito arquitetônico. Com portal e janelas em pedra de lioz talhadas em Lisboa, a igreja tem teto pintado por José Teófilo de Jesus (1837) e paredes internas com azulejos do século 18 (1750/60) de diferentes oficinas portuguesas. Dentre a imaginária, destaca-se a imagem de Santa Luzia, do século 18. Segundo o Ipac, essa é a obra de recuperação mais importante já realizada na igreja e cemitério, desde a década de 1960.

Programa da visitas guiadas
· Casa das Sete Mortes – 28/10 e 25/11, sempre às 15h
· Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão – 04/11 e 02/12, sempre às 15h
· Igreja de Nossa Senhora do Pilar – 14/10, 11/11 e 09/12, sempre às 9h
· Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos – 21/10, 18/11 e 16/12, sempre às 15 h