A Fundação e Museu Hansen Bahia, entidade cultural de direito privado com sede na cidade de Cachoeira, Recôncavo baiano, e que tem o nome do artista alemão Karl Heinz Hansen (1915-1978), deve ganhar até dezembro novo modelo de gestão e autossustentabilidade.

Desde a sua criação, na década de 70, que a fundação se propõe a divulgar e promover as 13 mil peças do acervo do artista e da sua esposa, Hilse Hansen, mas nesse período suas ações vinham tendo recursos dos poderes públicos estadual e federal como única fonte de sustento.

O secretário estadual de Cultura e atual presidente do Conselho da Fundação Hansen Bahia, Márcio Meirelles, afirmou que a gestão e a sustentabilidade de fundações, museus e instituições culturais em todo o mundo, inclusive no Brasil, dispõem de atuação mais vasta e complexa que garante manutenção, sobrevida e permanência dessas entidades, sem depender exclusivamente dos poderes públicos.

“Um dos exemplos no Brasil é a fundação gaúcha privada Iberê Camargo, criada em 1995, que promove mostras, oficinas, cursos, seminários, encontros e estudos da arte contemporânea em todo o país com parceria de empresas como Gerdau, Banco Itaú, Camargo Correa e IBM”, destacou Meirelles.

Ele disse que essa fundação também conta com recursos e leis de incentivo à cultura dos poderes públicos, mas busca administração mais arrojada e inserida no mercado artístico e cultural nacional e local.

Outro exemplo brasileiro de entidade cultural privada que não se respalda só em recursos públicos citada pelo secretário é o Instituto Tomie Ohtake. Inaugurada em 2001, dispõe de dois prédios na cidade de São Paulo, um centro de convenções e um centro cultural unidos por um grande hall de serviços, todos construídos somente com recursos privados. Goethe Institut, Visa, HP e o Deutsche Bank são alguns dos principais parceiros desse espaço paulistano.

Meirelles lembrou que se o Tomie Ohtake, cujo nome homenageia a artista sino-brasileira, consegue apoio financeiro de um banco alemão, imagine a fundação de um artista germânico que escolheu o Brasil para morar.

Em todo o mundo, entidades culturais conseguem autossustentabilidade com recursos do setor privado – que desconta seus impostos através das leis de incentivo fiscal –, assim como de promoções próprias, como venda de ingressos, seminários e cursos, comercialização de produtos, entre outras estratégias conhecidas da economia da cultura.

Perfil conceitual e executivo
Um novo conselho foi empossado em 25 de setembro, visando buscar um perfil conceitual e executivo para a Fundação Hansen Bahia. Ele reúne pessoas de diferentes áreas de atuação comprometidas com a missão de tornar a fundação referência nacional e internacional, sem perder de vista as relações regionais.

Dentre os conselheiros está o reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Paulo Gabriel Nacif, que empreende esforços para modernizar a Hansen Bahia. “O nosso interesse é que a transição conte com o apoio da universidade, mas a fundação terá que administrar a sua autossustentabilidade no futuro”, ressaltou Nacif.

A UFRB criou uma comissão técnica formada por professores e cedeu um gestor especializado – com aprovação do Conselho da Fundação Hansen Bahia –, que terão a tarefa de criar e apresentar o novo sistema de gestão.

A Secult também investe em instituições de caráter privado. Só neste ano, o Fundo de Cultura investirá R$ 1,5 milhão para museus, arquivos, teatros e centros culturais. A Bahia é o único estado brasileiro que tem programa de apoio a instituições privadas com ações continuadas.