A Empresa Gráfica da Bahia (Egba) comemora neste sábado (30) os 95 anos de publicação ininterrupta do Diário Oficial e festeja a data encartando nesta sexta-feira (29) um caderno especial dedicado à história da empresa que, foi inaugurada em 7 de setembro de 1915.

Próxima de completar um século de funcionamento, a Egba lançará em breve a edição fac-similar do “Diccionario de termos graphicos”, de Arthur Arezio da Fonseca, que é a primeira obra dessa especialidade em idioma português. O caderno especial, segundo técnicos da Egba, “tem 16 páginas coloridas, com belas fotografias e design gráfico moderno. Entre os assuntos, está a história da Egba, contada e ilustrada”.

O veículo trata da “fase atual de crescimento, com incorporação de novos produtos e serviços numa maior base tecnológica e da “modernização do parque gráfico da empresa”. Informa, ainda, sobre a atuação da Egba junto à comunidade do entorno, com projetos de responsabilidade social empresarial, próprios ou apoiados pela empresa.

Biografia 
O baiano Arthur Arezio da Fonseca (1873-1940) foi o primeiro diretor industrial da Imprensa Oficial do Estado (IOE), denominação que a empresa recebeu em 1915. O “Diccionario” foi publicado em 1936 pela IOE. A edição fac-símile ocorre, portanto, 74 anos após a única edição da obra que é pioneira em idioma português, conforme endosso do pesquisador português Rui Canaveira no seu Diccionario de tipógrafos e litógrafos famosos, obra disponível na internet.

Arthur Arezio da Fonseca fez o curso de tipógrafo e encadernador no Liceu de Artes e Ofícios e, na virada do século XIX para o século XX, o curso de Desenho na Escola de Belas Artes, ocasião em que recebeu seguidos prêmios. Há trabalhos dele de xilografia e zincografia que são conhecidos. Dois estudos recentes sobre o design baiano, um de autoria de Éneas Guerra e Valéria Pergentino, e o outro de Sônia Castro, apontam Arthur Arezio como um dos precursores, ao lado de Manoel Querino. Ele iniciou as atividades profissionais como gráfico quando alcançou os 14 anos de idade.

Em 1905, já casado e com filhos, Arthur Arezio publicou seu primeiro livro – Serões typographicos. Em 1907, publicaria o segundo, Esboço typographico. Foi, no entanto, na Imprensa Oficial do Estado (atual Egba) que ele publicou as três obras de maior repercussão: Machinas de compor, em 1916, um ano após a inauguração da empresa, que ele ajudaria a dirigir até sua morte em 1940; Revisão de provas typographicas, um best-seller na época, e o Diccionario.

Diccionario de Arezio 
A edição fac-similar do Diccionario que o Conselho de Administração da Egba aprovou será limitada, a princípio, a 200 exemplares. Trata-se de obra no formato 17×12 cm, com 574 páginas contendo 3.114 verbetes. Arthur Arezio levou cerca de 20 anos reunindo o material e quando o publicou houve boa recepção nos jornais da cidade.

Em 1938, a obra foi distinguida com o Prêmio Caminhoá, o que permitiu a Arezio quitar dívidas que acumulara com a manutenção da família e com os empreendimentos editoriais. Ele também foi criador de algumas revistas, dentre as quais a Artes & Artistas, que, na década de 1920, auxiliou o baiano a entender e gostar do cinema.

Por causa do fac-símile do Diccionario, a Egba desenvolveu um produto de valor inestimável, sobretudo para os estudiosos da história das Artes Gráficas brasileira. O produto consiste do fac-símile e de uma plaqueta de 92 páginas, no mesmo formato do Diccionario, e uma caixa com o mesmo tratamento gráfico, em que serão acomodados os dois itens citados.

Para o atual diretor-geral da Empresa Gráfica da Bahia, Luiz Gonzaga Fraga de Andrade, esta edição do Diccionario de termos graphicos representa um resgate histórico da maior importância, pois “é preciso preservar e valorizar a memória da instituição e de quem ajudou a construí-la. E esta é a nossa missão”.

A equipe da Egba contou com a colaboração do jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares, que é o autor da biografia Nome para compor em caixa alta: Arthur Arezio da Fonseca (Salvador: Egba, 2005). No último Sete de Setembro, o jornal A Tarde publicou artigo do jornalista Luís Guilherme intitulado “A imprensa e os 95 anos da Egba”, cujo parágrafo final é um voto de confiança no futuro da empresa quase centenária. “A maior homenagem (…) que a Egba poderia prestar a Arthur Arezio e aos funcionários que, sucessivamente, deram continuidade ininterrupta aos serviços iniciados em 1915, é manter a empresa sadia e na vanguarda de seu segmento”.