Para estimular a adoção de práticas que expressem o recorte de gênero, raça/etnia e combate à pobreza nos programas e ações institucionais, com vistas à promoção da equidade, desta terça (19) até sexta-feira (22), 25 oficiais da Polícia Militar da Bahia (capitães e tenentes) participam do primeiro curso de formação, na Vila Militar dos Dendezeiros, no Bonfim.

A ação, que conta com a cooperação técnica da Organização Internacional do Trabalho (OIT), faz parte do Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero, Erradicação da Pobreza e Geração de Emprego (GRPE) e é fruto da parceria firmada entre as secretarias do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), da Promoção da Igualdade (Sepromi) e da Administração (Saeb).

Esta é a primeira edição do curso voltada para a corporação, com apoio da PM e do Núcleo de Religiões de Matriz Africana da Polícia Militar. O foco é a formação de gestores que, dentro da corporação, vão dar continuidade à aprendizagem junto aos demais policiais, seguindo as ações da Agenda Bahia do Trabalho Decente.

Para o chefe de Gabinete da Setre, Elias Dourado, o curso é fundamental, pois representa uma integração do governo com foco no reforço do sistema de segurança pública. “A partir de ações como essa, os policiais vão para as ruas com uma formação que de fato busque tratar as pessoas da melhor forma, respeitando suas diferenças”.

Ele ressaltou ainda que a realização dessa iniciativa é fundamental para gerar uma sociedade de paz, de compreensão das diferenças e das desigualdades existentes, além de fortalecer ainda mais a PM e a segurança no estado.

Um novo olhar sobre a população
Serão discutidas no curso as condições e as causas da pobreza para mulheres e homens, negros e brancos, e como o gênero e a raça são fatores que determinam as possibilidades de acesso ao emprego. Segundo a coordenadora estadual da Agenda Bahia pela Setre, Patrícia Lima, a ação desses profissionais vai refletir no melhor atendimento dessas demandas e pessoas.

“A ideia é produzir agentes transformadores. Mais do que multiplicar o conteúdo nas atividades que desempenham no serviço público, eles devem atuar a partir dessa reflexão da transversalidade das questões de gênero e raça no dia-a-dia”, explicou Patrícia Lima.

A superintendente de Promoção da Igualdade Racial da Sepromi, Vanda Sá Barreto, destacou o eixo de promoção da igualdade e do serviço público como ferramenta que busca apoiar a incorporação das dimensões de gênero e raça nas políticas de combate à pobreza e de geração de emprego. “Foi instituído um programa de formação de gestores com o objetivo de sensibilizá-los. É preciso que eles se capacitem para introduzir nas suas pautas essas duas dimensões”, declarou Vanda Sá.

O capitão e aluno Alexandre Messias disse que espera entrar em contato com as novas perspectivas para realizar uma abordagem ainda mais adequada às questões que vai enfrentar. “Todos os conhecimentos adquiridos durante o curso vão contribuir para que sejamos agentes multiplicadores nas nossas unidades”.

Em novembro, mais duas turmas serão atendidas pelo programa: servidores da Secretaria da Fazenda (16 a 22) e da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza que trabalham nos centros de referência de assistência social (23 a 26).

Histórico
O Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero, Erradicação da Pobreza e Geração de Emprego foi implantado no Brasil em 2000. Em outubro de 2003, ele foi lançado oficialmente com a assinatura de um protocolo de intenções estabelecendo compromissos entre a OIT e o governo federal. O objetivo era promover a Agenda de Trabalho Decente.

Na América Latina, o programa vem sendo implementado sem a dimensão racial, com a sigla GPE, em nove países: Argentina, Bolívia, Equador, Chile, Honduras, Nicarágua, Paraguai, Peru e Uruguai.

Publicada às 12h10
Atualizada às 14h10