Com o olhar atento ao microscópio, Leandro, 14 anos, descobre um mundo que há pouco tempo não era capaz de imaginar. A cada experimento, uma nova descoberta. E o seu pequeno mundo juvenil se divide entre as brincadeiras e a identificação de células e protozoários. Sua nova paixão é a ciência e tecnologia, que até domingo (24) é comemorada em todo o país, através de várias atividades desenvolvidas em escolas, universidades, museus e outras instituições.

O experimento do estudante é um dos 50 expostos no Centro de Educação Científica de Serrinha, inaugurado recentemente pelo governo da Bahia. Ele apresentou aos visitantes as condições de um rio da cidade que está poluído.
“Mostro para todos que a água não tem condições de banho, que há muitas bactérias. Eu não sabia dessas coisas e a ciência me ajudou. Na escola, estou tendo boas notas”, disse. Encantado, Leandro, morador da zona rural de Serrinha, revela um sonho: “Quero ser cientista”.

Até agora, cerca de mil visitantes já passaram pelo espaço e conferiram de perto projetos na área de robótica, ciência e meio ambiente, ciência e música, e ciência e arte.

A expectativa é que passem por lá mais de quatro mil pessoas. “Há uma curiosidade muito grande das pessoas em conhecer experimentos científicos e tecnológicos. Esta semana dedicada à ciência e tecnologia dá esta oportunidade não só para quem vem conhecer os experimentos, mas principalmente para os alunos, que ficam ansiosos para apresentar seus trabalhos”, destacou a coordenadora pedagógica do Centro de Educação Científica de Serrinha, Joseane Souza.

Com o tema Ciência para o Desenvolvimento Sustentável, para homenagear o Ano Internacional da Biodiversidade, a sétima edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia oferece diversas atividades em Salvador, Feira de Santana e Serrinha, com visitação pela manhã e à tarde.

No Observatório Astronômico Antares e no Museu Antares de Ciência e Tecnologia, vinculados à Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), os visitantes podem conhecer criaturas gigantescas que viveram há milhões de anos no planeta. No Parque Dino, réplicas de dinossauros em tamanho natural deixaram crianças e adultos impressionados. “São grandes, né?”, afirmou Maíra Santos, oito anos.

Somente no primeiro dia de visitação, reservado para alunos de escolas públicas e privadas, o observatório e o museu receberam mais de 1,2 mil estudantes, que também participaram de palestras sobre temas como o sistema solar, astrobiologia e o uso racional dos recursos hídricos. Eles também estiveram no Planetário StarLab, um instrumento ótico-eletrônico que projeta um céu artificial, simulações de eclipse, movimento do sol durante o dia, nas estações do ano e outros fenômenos.

Para o diretor das instituições, Paulo Poppe, a novidade este ano é a presença do Batalhão do Corpo de Bombeiros, que dá noções sobre primeiros socorros. Há ainda orientações de combate à dengue. Ele explicou que os estudantes passam por todas as atividades, inclusive pelas palestras, que foram desenvolvidas e organizadas por alunos bolsistas da Uefs. Mas o que fez o maior sucesso entre os adolescentes foi o girotec, suporte fixo com três círculos em que uma pessoa fica presa pelos punhos e pés. O aparelho gira em várias direções, simulando a sensação de ausência de gravidade.

“Estou achando tudo muito bom, porque pratico o que o professor explica na sala de aula. Aqui no museu, temos contato com o presente e o passado, e no observatório aprendi sobre os planetas e de que maneira as civilizações antigas marcavam o tempo e as estações do ano”, afirmou Caíque Guerra, 14 anos.

O Antares também abriu espaço para a participação de entidades, a exemplo da Coelba, que expõe equipamentos de geração de energia solar, da Embasa, com réplicas da estação de tratamento de água, Corpo de Bombeiros e ônibus do programa Feira Digital, com equipamentos de informática disponíveis para o manuseio.

Já no campus da Uefs, além das exposições, está sendo realizado o 14º Seminário de Iniciação Científica. As atividades da instituição são baseadas em projetos de pesquisa em áreas e temas como botânica, zoologia, microbiologia, meio ambiente, geociências, entre outros.

Segundo o coordenador de Extensão da Uefs, Genival Correa, integra-se à semana o evento Ciência Livre, promovido pelo Programa de Educação Tutorial do Curso de Engenharia de Computação, que visa apresentar a ciência como instrumento para o desenvolvimento sustentável, tendo como destaque a conscientização sobre geração de resíduos eletrônicos.

Salvador
Em Salvador, o evento é coordenado pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), e os experimentos e atividades podem ser conferidos na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), no Itaigara. São 40 expositores, entre universidades, centros de pesquisa e associações.

No espaço, os visitantes encontram um robô que faz coleta seletiva de lixo e um estande da Fiocruz, que levou o projeto Ciência na Estrada, tendo como foco as doenças parasitárias.

Os estudantes também puderam conhecer o seu peso corporal correspondente a cada planeta do sistema solar. “Fiquei impressionada. Descobri que em Saturno peso 88 quilos, enquanto o peso real na Terra é de 42 quilos. Eu não sabia que isso podia acontecer, que em cada planeta meu peso corporal muda”, disse Monique Lima, 15 anos.

Outra atração que impressionou os visitantes foi um simulador de voo igual ao utilizado em cursos de pilotagem. Nele é possível ter a sensação de estar pilotando uma aeronave e passar por situações de turbulência e de emergência.

“O tema deste ano é sobre sustentabilidade e estamos mostrando isso de forma lúdica para os estudantes durante o evento. Todos nós temos contato com a ciência desde cedo, a partir da vacinação. Há também o contato com a informática, o celular. Tudo isso envolve ciência e tecnologia. Está tudo interligado”, disse o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Feliciano Tavares.

A expectativa é de que 1,5 mil estudantes passem pelo local todos os dias. Os parceiros do evento também contaram com incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), que disponibilizou R$ 150 mil através de edital.