Com um rosário nas mãos, uma corrente com um pingente de Nossa Senhora e uma curiosidade juvenil pelos fenômenos científicos, dona Raulinda Oliveira, 66 anos, mostrou que religião e ciência podem se harmonizar. Ela integrou um grupo de alunos do Centro Estadual de Educação Magalhães Neto que visitou na tarde de quinta-feira (21) os estandes de exposições da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Bahia, na Universidade Salgado Filho (Universo), na avenida Antonio Carlos Magalhães, em Salvador.

“Quando Jesus andou sobre as águas, além de um milagre, devia estar fazendo ciência também”, afirmou a estudante do Magalhães Neto, que oferece cursos da alfabetização ao ensino médio a cerca de mil alunos, “dos 18 aos 80 anos”, como destacou a coordenadora pedagógica da instituição, Dina Lúcia Pinto Campos.

Católica praticante, dona Raulinda circulou com desenvoltura pelos estandes que popularizam a ciência e disse que estava com muita vontade de conhecer o artesanato dos índios pataxós, o que fez logo em seguida.

Já o corretor de imóveis Rildo Andrade, que conclui o ensino médio no Magalhães Neto, mostrou interesse em conhecer melhor as doenças parasitárias, procurando se informar sobre o assunto no estande da Fiocruz/Bahia. “Meu cachorro teve calazar e a partir daí comecei a me interessar pelas doenças parasitárias”.

Dina Lúcia afirmou que nunca é tarde para despertar para a ciência, “algo que ocorre espontaneamente em todo lugar por onde se anda, como um raio que corta o céu”. Por isso levou para o evento seus alunos da terceira idade.

A professora de Matemática, Regina Conceição Souza dos Santos, trouxe para o encontro um grupo de 34 alunos da quinta série da Escola Evaristo da Veiga, na avenida Garibaldi. Ela aproveitou a visita para ir ao estande da Coelba, onde se informou sobre o programa de eficiência energética e ganhou uma lâmpada fluorescente para diminuir o consumo doméstico de energia elétrica.

“Hoje vim com os alunos. Amanhã, trago meus filhos”, prometeu Regina. Ela elogiou o evento, coordenado pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), “por mostrar coisas do cotidiano, muitas das quais a escola não pode dar conta”. No penúltimo dia do evento, quase dois mil estudantes e professores visitaram a exposição na Universo.