Com um investimento em torno de R$ 32 milhões, a Superintendência de Economia Solidária da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego Renda e Esporte (Setre) vem apoiando, nestes últimos anos, ações para fomentar esse segmento da economia, promovendo inclusão social por meio do trabalho.

Atualmente, 11 mil empreendimentos da economia popular na Bahia, formados, em sua maioria, por associações, grupos e cooperativas já foram beneficiados. Com dez anos de resistência, a Associação das Costureiras de Itapagipe (Ascosi), no bairro do Uruguai, encontrou na Economia Solidária e no cooperativismo uma oportunidade de inserção no mercado formal.

Num pequeno ateliê, cerca de 10 mulheres, em torno dos 50 anos de idade (faixa etária preterida pelo mercado), trabalham por "facção", onde são realizados cortes e costura a grosso, produzindo, diariamente, fardamentos de todos os modelos, roupas e fantasias que são vendidos para fábricas. As costureiras da península itapagipana recebem apoio do governo, por meio de parceria com a Universidade Católica de Salvador (Ucsal), que, como incubadora, presta toda assessoria de apoio ao negócio.

“Apoiamos na área de gestão, prestamos assessoria jurídica, contábil e administrativa, dentro dos pólos das universidades. As incubadoras são projetos de extensão. É a universidade indo a campo, que neste caso são as comunidades. Através de ferramentas administrativas tentamos mostrar a melhor forma de elas gerirem o negócio”, explica a representante da incubadora da Ucsal, Eugênia Maia, esclarecendo que a captação de recursos é via projetos.

Sustentabilidade
Liderada por Marlene Araújo e Vera Lúcia Cruz, hoje, a Ascosi consegue arcar com as despesas de aluguel, telefone, água e luz, além de dividir a receita entre as associadas. "Hoje, estamos com dez associadas, produzindo para hospitais, empresas da construção civil e, nos períodos de festas, chegamos a trabalhar com fantasias", destaca a presidente Marlene Araújo. Para ela, com mais de 20 anos de prática de costura, a capacitação muda a qualidade do serviço e a forma de trabalhar. “Caso essa associação não existisse, muitas destas mulheres estariam em casa. Aqui elas exercem funções dentro de uma cadeia produtiva fabril. O pouquinho que ganhamos ajuda muito em casa. Esse apoio financeiro ajuda na aquisição de novas máquinas, na qualidade das roupas que produzimos, além de permitir um esclarecimento jurídico e contábil”, completa.

De acordo com o superintendente estadual de Economia Solidária (SESOL), Helbeth Oliva, o segmento “Economia solidária” trabalha com o princípio cooperativo, associativo, para que a ação inclusiva passe a governar as atividades, respeitando questões ambientais, de gênero e de etnia. “Depois da década de 90, onde o mundo do trabalho sofreu uma profunda crise, não existem empregos suficientes para acolher as centenas de milhares de jovens que ingressam nesse mercado. Haveria que ter alternativas, principalmente, nos empreendimentos urbanos. Onde diversas atividades estavam sendo praticadas no mundo da informalidade, sem carteira assinada, sem seguridade social e completamente desamparada”, declara o superintendente Oliva, afirmando que o apoio às organizações coletivas era uma demanda da sociedade.

Para Helbeth Oliva, as ações vão desde egressos do sistema prisional, com jovens sob medidas socioeducativas, pessoas com deficiência mental, até empreendimentos culturais. “Onde tem trabalho a economia solidária pode atuar com práticas coletivas e buscando o respeito às diversidades. Essa perspectiva libertadora faz com que as pessoas se empoderem, tenham a sua cidadania aflorada”.