Conscientizar a população sobre a importância da preservação do patrimônio cultural do município de Maragojipe é o propósito da prefeitura local ao lançar, nesta quinta-feira (11), às 10h, no Centro de Cultura da cidade, seu novo Programa de Educação Patrimonial. O evento contará com lançamentos inéditos do videodocumentário em DVD e do livro sobre o Carnaval de Maragojipe, do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).

Com o programa, a prefeitura pretende mobilizar a comunidade para preservar manifestações culturais e edificações antigas da cidade que, na sua maioria, são do final do século 19 e da segunda metade do século 20, agregando participação de professores e estudantes das escolas.

O DVD e o livro são resultado das pesquisas que uma equipe multidisciplinar do Ipac realizou com o objetivo de fundamentar o registro oficial do Carnaval da cidade como Patrimônio Imaterial da Bahia. O decreto do Carnaval foi assinado pelo governo do Estado durante a festa, em fevereiro de 2009.

Os dois produtos do Ipac podem ser utilizados nas atividades de escolas, faculdades, instituições públicas e privadas, com objetivo de difundir, salvaguardar a memória e provocar reflexão sobre a manifestação cultural, que tem mais de 100 anos de existência. “É uma festa pitoresca por apresentar influências europeias e afrodescendentes muito explícitas”, explica o gerente de Pesquisa (Gepel) do Ipac, Mateus Torres.

Carnaval a fantasia 
Com três dias de duração, o festejo mescla influências culturais tendo cânticos e instrumentos afrobrasileiros, além de caretas e pierrôs, que desfilam pelas ruas remetendo ao Carnaval europeu do século 19. Diferente do que acontece em Salvador, onde a principal estrela da festa, nos últimos 20 anos, foi o Axé, o que se destaca em Maragojipe é a tradição secular do Carnaval a fantasia.

Nos becos e ruas se apresentam grupos de mascarados e nas praças, bandas e bailes. O tema e a riqueza das fantasias são sempre surpresa. “Não revelamos as fantasias antes”, relata o líder do Grupo Recreativo dos Mascarados (Gramma), Maximo Armedi, um dos mais tradicionais blocos carnavalescos da cidade.

A estimativa da prefeitura é que, com o reconhecimento da festa como patrimônio cultural do Estado, aumente também o número de turistas e apoiadores da festa. “Já temos o interesse genuíno da população e colaboração de foliões, costureiras, artesãos, comerciantes, vereadores, prefeitura e do governo estadual”, diz o secretário de Cultura de Maragojipe, Eliezer Albuquerque. A intenção é que empresas privadas de grande porte também passem a apoiar a festa.

Diversidade cultural
Para o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça, o patrimônio imaterial só existe a partir do desejo do grupo social que realiza a manifestação. “O bem cultural intangível se transmite entre gerações, embora seja constantemente recriado. É produzido por comunidades e grupos, em função do ambiente, interação que mantêm com a natureza e sua história. O patrimônio imaterial promove sentimento de identidade e continuidade dos grupos, tornando-se elemento essencial de afirmação da diversidade cultural e do reconhecimento à criatividade humana”.

O livro do Ipac sobre o Carnaval de Maragojipe tem 120 páginas, com fotos e artigos inéditos, entre os quais textos da antropóloga Nívea Santos, da historiadora Magnair Barbosa e parecer técnico do sociólogo Lula Rosa. Na programação, os lançamentos, a abertura da exposição de fotos das décadas de 1940 e 1970, lançamento do site de turismo, apresentações da orquestra Popular de Maragogipe e da Filarmônica Popular de Maragojipe, além do desfiles com grupos de mascarados.