Aos dez anos de idade, ele começou a sentir os primeiros sintomas da doença renal. Aos 11, iniciou o tratamento, que segue há um ano e dois meses. Na última quinta-feira (18), Jaderson Silva Almeida, 12 anos, lançou um livro contando toda a sua experiência, que ele mesmo escreveu e ilustrou com desenhos.

Jaderson é um dos muitos pequenos pacientes do Serviço de Nefropediatria do Hospital Geral Roberto Santos/Fabamed, único na Bahia a realizar diálise pediátrica. Muitos deles deram seu depoimento, gravado em um vídeo exibido durante o evento.

Em A Vida de um Renal, Jaderson conta como descobriu o problema nos rins que o levou a percorrer postos de saúde e hospitais, até chegar ao Roberto Santos, onde começou a fazer diálise, e também amigos, tanto entre outros pacientes da sua faixa de idade como entre os profissionais.

O livro fala de como é o tratamento, informa sobre as categorias profissionais envolvidas e sobre o dia a dia das crianças portadoras de patologia renal crônica, incluindo a dieta, fator que interfere na rotina social da criança.

“A doença renal crônica não é apenas uma questão de saúde, mas social. Quando apresentamos o livro, no Congresso Brasileiro de Nefrologia realizado em agosto, em Vitória, Espírito Santo, no estande da empresa responsável pelo patrocínio, a Fresenius Medical Care, todos reconheceram nele a vida dos seus pacientes. O livro é muito realista, muito verdadeiro, e visa informar, sendo útil não só para crianças, mas para adultos também”, disse a nefropediatra Cláudia Andrade, do Roberto Santos.

Na sua tarde de autógrafos, Jaderson ganhou um bolo cuja decoração reproduzia a capa do livro, além de doces e salgados – mas nem ele e os amiguinhos que fazem diálise podiam comer. Ainda assim, Jaderson estava feliz com o sucesso do livro, refletido no auditório lotado.

Estudante da 6ª série na Escola Santa Rita de Cássia, ele descreveu o Serviço de Hemodiálise Pediátrica como “excelente”, mas se queixou das horas em que fica ligado à máquina. “Dá câimbra, dá sono, mas eu sei que é para minha saúde”, afirmou, sorrindo. Jaderson está na fila do transplante, esperando um rim compatível.

Mais que uma família
Discreto, sem querer dividir os flashes das máquinas fotográficas para deixar o filho brilhar sozinho, José Teotônio de Almeida, pai de Jaderson, demonstrou gratidão pelos profissionais que cuidam do menino e que o incentivaram a escrever o livro. “Aqui é mais que uma família. A equipe cuida bem demais das crianças. Eu só tenho a agradecer pelo carinho com o meu filho, desde quando ele adoeceu até hoje”, destacou José Teotônio.