No período de um ano, entre os meses de outubro de 2009 a outubro de 2010, a 26ª Delegacia conseguiu reduzir os índices de três modalidades de crimes que estavam tirando a tranquilidade dos moradores e veranistas da região de Vila de Abrantes, no Litoral Norte do estado – homicídios, roubos de veículos e arrombamento de residências.

Com mais de 400 quilômetros quadrados de extensão, ligando Catu de Abrantes à Barra do Jacuípe, num território dividido em áreas rurais e de orla, Vila de Abrantes teve uma redução de 305 nos homicídios, 255 nos roubos de veículos e quase 705 nos arrombamentos de residências.

Há dois anos como titular da delegacia que cuida de toda a extensa região, a delegada Jamila Carvalho iniciou um trabalho para entender o motivo dos números de crimes até então registrados. Para isso, com a sua equipe de 32 profissionais, entre delegados plantonistas, investigadores e escrivães, decidiu fazer um estudo minucioso dos 218 inquéritos que estavam em andamento naquela delegacia.

“A primeira coisa que me chamou a atenção é que a maioria dos homicídios estava ligada a uma mesma pessoa, o traficante Cássio dos Santos Oliveira”, disse a delegada. O trabalho de análise dos inquéritos permitiu que fosse pedida a prisão preventiva de “Cassinho”, como era conhecido o traficante, e efetuada a sua prisão.

Jamila lembra que “Cassinho” comandava o comércio de drogas em três grandes áreas de Abrantes – Buris, Estiva e Phoc. Responsável pela morte de pelo menos dez pessoas, o criminoso mantinha um clima de guerra com outro traficante da área, Ricardo da Silva Dias, conhecido como “Beliscado”, que comandava a região de Nova Abrantes.

“Os dois dividiram a região. Quem morava de um lado não podia se locomover para outro e vice-versa. A população vivia sob tensão”, descreve a delegada. Depois da prisão de “Cassinho”, policiais da 23ª Delegacia, em Lauro de Freitas, efetuaram também a prisão de “Beliscado”. Os homicídios na região começaram a cair.

Roubo de carros e casas
As análises dos inquéritos revelaram também que o maior percentual dos roubos de veículos e de arrombamentos de residências e também de homicídios remetiam sempre a uma mesma pessoa ou quadrilha. Diante dessa constatação, as equipes da 26ª CP só sossegaram depois que tiraram de circulação os responsáveis por estas ocorrências.

Vila de Abrantes abrigava uma das maiores quadrilhas de roubo a veículos de todo o Litoral Norte, formada por adolescentes, entre 16 e 17 anos, que foram apreendidos e encaminhados ao Ministério Público. Eles eram responsáveis por uma média de 43 roubos de carro por ano. No caso de residências, a prisão de dois criminosos resultou numa redução de 12 para três arrombamentos por mês.

Mas o que chama atenção da delegada nos índices de ocorrência na região é a grande presença de adolescentes. “O número de ocorrências envolvendo adolescentes é muito grande, o que nos deixa muito triste. Defendo a tese de que é necessária a implantação de políticas públicas que deem a esses meninos condições de um futuro diferente”, afirmou Jamila Carvalho.

Outros casos
A equipe da 26ª CP solucionou também neste mesmo período outros casos considerados muito importantes, entre eles, o do estudante de Medicina, Diogo Nogueira Moreira Lima, que abusava de meninos da região e do seu próprio irmão, do caseiro que matou a pauladas a filha do patrão, em março deste ano, em Arembepe, e do desmanche de um laboratório de refino de drogas no mês passado, com a apreensão de grande quantidade de entorpecentes produzidos ali.

Enfatizando que sua equipe é orientada para oferecer o melhor atendimento ao público, a delegada Jamila afirma que os números da sua delegacia ratificam o bom trabalho da equipe na solução de casos. De janeiro até outubro deste ano, por exemplo, foram registradas 107 prisões em flagrante, encaminhados 218 inquéritos para a Justiça e instaurados 138 termos circunstanciais.

A delegada aposta, no entanto, em uma ação que pode elevar ainda mais esses números. “Acredito que a população pode ajudar a polícia na elucidação de casos. Por isso, peço que mantenha sempre contato conosco, contribuindo com o nosso trabalho. Quem quiser pode ligar diretamente para a nossa delegacia pelo número (71) 3623-4961 ou para o Disk Denúncia (71) 3235-0000. A identidade será mantida em sigilo”.