As realizações coreográficas mais significativas da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) dos últimos quatro anos vão estar na grade do festival ‘Guarda-Chuva de Memórias – Histórias Escritas pelo Corpo’, que será realizado, no Teatro Vila Velha (palco principal e Cabaré dos Novos), desta segunda a quarta-feira (6 a 8), a partir das 18h, com entrada gratuita para todos os programas. São ao todo, 54 criações, além de sessões de vídeos e performances.

“A iniciativa, além de encerrar o ano letivo de 2010, celebra a conclusão de uma gestão que fez valer a respeitabilidade da Escola de Dança da Funceb e a importância do seu papel social”, afirma a diretora da Fundação Cultural, Gisele Nussbaumer. Durante estes quatro anos, o número de alunos na escola duplicou, chegando a 1,5 mil matriculados em 2010.

Segundo Gisele, “investiu-se ainda na diversificação e no aumento dos cursos disponibilizados e também em atividades de formação com profissionais e aprendizes de municípios do interior da Bahia e em um Núcleo de Dança no Centro Social Urbano do Nordeste de Amaralina. Em 2010, o espaço físico da escola foi ampliado para atender os novos desafios e o público crescente. São resultados que justificam este grande festival comemorativo”.

A diretora da Escola de Dança, Beth Rangel, que também dirige e é curadora do festival, diz que a diversidade estética é a marca do evento, que contabiliza 516 dançarinos, entre alunos e professores, na interpretação das coreografias. “A diversidade do estudo do corpo que orienta as práticas pedagógicas da escola é o que vai ficar evidente no festival, por meio das mostras que traduzem o diálogo do contemporâneo com matrizes culturais afrobrasileiras e presentes nas danças populares regionais”.

Na abertura serão apresentadas oito coreografias e exibição de vídeo-depoimento protagonizado por Lia Robatto, artista que participou da fundação da escola. A obra audiovisual, produzida por Jaqueline Vasconcellos, tem como foco a trajetória de 26 anos da instituição de ensino e pesquisa de dança e será exibida nos três dias de festival.

Espetáculo

Espécie de inventário dos processos, cruzamentos e diálogos criativos, o ‘Guarda-Chuva de Memórias’ abriga cenas produzidas por integrantes dos cursos oferecidos gratuitamente pela Escola de Dança da Funceb, voltados para crianças, jovens e adultos, num perfil de alunato bastante eclético – de 7 a 70 anos.

O público contará com um número variado de obras, que inclui ‘Dora’, trabalho produzido pela Cia. de Dança Infanto-Juvenil da Funceb, inspirada no folguedo do maracatu; ‘Gregoriano’, coreografada por Mestre King e dançada por seus alunos; ‘Almejo’, espetáculo premiado criado por Robson Correia, diretor, coreógrafo e dançarino formado em 2008 pela Escola de Dança; e ainda criações inéditas de seis jovens formandos do Curso de Educação Profissional Técnico de Nível Médio.

Além dos cursos de formação continuada, o recorte relicário da gestão da escola, no período de 2007 a 2010, traz ainda para o festival, coreografias dos cursos livres e preparatórios, que abarcam setores diversos da comunidade interessada em dança, ainda com criações do Núcleo de Dança do Centro Social Urbano do Nordeste de Amaralina.

Pioneira

Fundada em 1984, a Escola de Dança da Funceb foi a primeira escola pública a oferecer iniciação à dança a crianças e adolescentes. Em 1988, ampliou suas funções e implantou o Curso de Educação Profissional de Nível Técnico em Dança, para a formação e qualificação de jovens e artistas de classes menos favorecidas, especialmente oriundos de escolas públicas e moradores de bairros populares. O curso tem duração de dois anos e meio, é reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) e forma profissionais habilitados a realizar ações e projetos artístico-educativos como agentes multiplicadores, intérpretes (bailarinos) ou criadores (coreógrafos).

Localizada no Pelourinho, a escola destaca-se como lugar privilegiado para disseminação das artes e da cultura local, sendo campo de iniciação, formação e qualificação artísticas em dança. Tem como ações estruturantes cursos continuados, gratuitos, além de outras iniciativas de natureza extensionista. Também é responsável por ações de estímulo e apoio cultural a artistas e grupos de dança da comunidade de Salvador.

Nestes quatro anos, sua abrangência foi ampliada, realizando atividades formativas para multiplicadores de outros municípios baianos, além de consolidar um Núcleo de Dança no Centro Social Urbano do Nordeste de Amaralina. Também nesta gestão, vem se adequando ao cumprimento da lei federal 10639/2003, que torna obrigatória a inclusão de História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares. Os cursos oferecidos foram revisados e incluíram na grade disciplinas como Danças Afro-brasileiras, Danças Populares e Capoeira.

Em 2009, a escola venceu o edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesb) na linha Popularização da Ciência da Tecnologia, com o projeto Processos Artístico-Educativos em Dança: Interfaces com Tecnologias Digitais. Também passou a sediar um Centro Digital de Cidadania (CDC), com 11 computadores.

Em julho deste ano, o espaço físico foi incorporado ao prédio da Rua da Oração o Solar São Damaso. Em plena expansão, a Escola de Dança comemora, nesta gestão (2007-2010), o aumento de quase 100% do número de alunos atendidos anualmente, chegando a aproximadamente 1,5 mil matriculados, este ano, entre crianças, jovens e adultos.