O Programa de Desenvolvimento de Comunidades Rurais nas Áreas mais Carentes da Bahia (Gente de Valor) apresentou um desempenho positivo, de acordo com a avaliação feita por técnicos e especialistas do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). Eles estiveram, no mês de novembro, na sede da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) para fazer uma Revisão de Meio Termo e acompanhar o desenvolvimento das ações de combate à pobreza rural no interior do estado.

“A visão é positiva, o projeto está avançando, chegou num bom estágio e tem que, cada vez mais, fortalecer a assistência técnica”, disse o gerente de Operações e coordenador da missão do Fida, Iván Cossio. Segundo ele, o estado da Bahia é considerado um dos parceiros mais importantes pelo seu tamanho e capacidade institucional desenvolvida pelo governo estadual.

“Estamos falando de uma parceria longa e frutífera. Ficamos contentes em trabalhar com o estado e queremos que o programa cresça em articulação institucional, construindo também parcerias dentro e fora da CAR”, ressaltou Cossio.

O especialista em Organizações Sociais, Pablo Sidersky, constatou, em visitas realizadas nas comunidades assistidas pelo programa, nas regiões nordeste e sudoeste da Bahia, os bons resultados alcançados na execução do projeto. “Percebemos um entusiasmo contagiante por parte dos beneficiários no município de Nordestina e em outros visitados. A satisfação era muito clara e muito presente. Ver as ações planejadas acontecerem gera um ciclo virtuoso”.

Sidersky e os integrantes da missão também confirmaram que as comunidades cresceram em organização, aprendendo a calcular impostos e fazer prestação de contas. Outros aspectos importantes enfocados foram o resgate das manifestações culturais realizado por algumas dessas comunidades e a capacidade de “empoderamento” adquirida pela população como reivindicar à prefeitura e ao governo o atendimento de suas demandas.

Participação das mulheres
A especialista em Gênero e Desenvolvimento Rural, Marta Antunes, ficou feliz em ver o avanço de mulheres no sudoeste baiano. “Eram 18 mulheres que fizeram curso para pedreiras e construíram o que precisavam para colocar o projeto para frente. Emassaram, prepararam o cimento, alinharam os blocos e depois puderam mostrar os calos nas mãos, afirmando ‘agora sabemos que somos capazes, podemos trabalhar e gerar a nossa própria renda”.

Para a superintendente da CAR, Lúcia Carvalho, a diferença do Gente de Valor está na metodologia. “É um programa que atua em todas as dimensões, trabalha com o protagonismo juvenil, a cadeia produtiva, meio ambiente e várias instâncias. É preciso agora fazer interlocução com outras instituições para compartilhar conhecimentos e ter visibilidade”.

O programa está acelerando a sua capacidade de execução. “Agora chegou o momento certo para fortalecermos a assistência técnica e precisamos ser rápidos, recompondo nossa equipe. O projeto apresentou um grande salto qualitativo que pode ser visto na administração das ações pelos beneficiários”, disse seu coordenador, César Maynart.

O secretário de Desenvolvimento e Integração Regional, Edmon Lucas, destacou o êxito das ações empreendidas pelo Gente de Valor. “Este é um programa que tem uma estratégia diferenciada e que poderá crescer atendendo um maior número de municípios. Queremos contribuir efetivamente para a melhoria de vida dessas comunidades do semiárido baiano, firmando parcerias e ampliando a nossa atuação”.

Visita da missão ao campo
A agenda da delegação contou com uma viagem de campo às regiões sudoeste e nordeste. No sudoeste foram ao município de Manoel Vitorino, onde visitaram as comunidades rurais de Barra da Purificação, Poço da Pedra, Fruteira, Serra e Três Lagoas. Na cidade de Poções conheceram o trabalho realizado nas comunidades de Craúno, Água Branca, Lagoa do João, Pimenteira e Lagoa dos Patos.

No nordeste o grupo conheceu, em Banzaê, as comunidades indígenas de Aldeia Marcação e Aldeia Segredo Velho. Em Ribeira do Amparo, o roteiro incluiu as comunidades de Cabo Verde, Oiteiro, Pau de Rato, Lagoa do Atalho e Pinto II. No município de Fátima foram vistos os trabalhos realizados nos povoados de Surjoa, Raso Pintado e Lages da Boa Vista.

Em Antas, a missão passou pelas comunidades de Panasco, Brejo I e Brejo II. Na cidade de Sítio do Quinto também foram visitadas as comunidades de Saco do Tingui, Boqueirão de Baixo e Barrigudo. No município de Nordestina, as comunidades quilombolas de Lagoa da Salina, Palha, Lagoa da Cruz e Poças. Em Cansanção, foram vistas as atividades que vêm sendo desenvolvidas com a população quilombola de Fazenda Caixão, Lagoa Comprida, Lagoa do Cigano e Lagoa do Golfo.

Participaram da missão, além de Iván Cossio, os especialistas em Desenvolvimento Econômico e Produtivo, Emmanuel Bayle, em Monitoria e Gestão de Projetos, Bruno Jacquet, e em Gênero e Desenvolvimento Rural, Marta Antunes, os representantes das Organizações Sociais, Pablo Sidersky, da administração financeira, Eduardo Muñoz, e de apoio ao projeto, Genevieve Leblanc.

Gente de Valor
Atua em 34 municípios com menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) no semiárido, com o propósito de melhorar as condições de vida das comunidades rurais, por meio do desenvolvimento social, econômico, ambientalmente sustentável e com equidade de gênero e renda.

Executado pela CAR, empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), o Gente de Valor tem como meta beneficiar 90 mil homens, mulheres e jovens, sendo 35 mil diretamente e 55 mil indiretamente. O programa conta com US$ 60 milhões divididos igualmente entre o Fida e a contrapartida do governo do Estado.

Está também assegurada uma doação do Fida ao Estado da Bahia, no valor de US$ 500 mil, para o desenvolvimento de dois projetos-piloto de biodiesel a partir da mamona produzida pelos pequenos produtores rurais assistidos pelo Gente de Valor.

As ações envolvem ampliação da oferta hídrica, com a construção de barragens, cisternas, sistemas de abastecimento d’água, investimentos em infraestrutura básica como instalação de energia solar e elétrica, construção de pequenas pontes e sanitários residenciais.

Também contempla ações de apoio às microempresas rurais e à agricultura familiar para proporcionar a segurança alimentar e o incremento da renda, desenvolvimento ambiental, formação profissional e capacitação para o trabalho, fortalecimento das organizações comunitárias, apoio ao comércio, inserção dos jovens nos mercados de trabalho urbano e rural e enfoque de gênero.