Uma vez por semana, do lado de fora do módulo V da Penitenciária Lemos Brito (PLB), é possível ouvir o som dos tambores, atabaques e berimbaus dos internos. No pátio, 20 homens, de diferentes idades e etnias, participam de uma roda de capoeira durante duas horas de aula.

Com batidas de palmas e cânticos em coro, a plateia atenta, também formada por internos, não perde um movimento das pernas e dos braços que sobem e descem freneticamente ao ritmo cadenciado do toque dos capoeiristas.

Desde 2009, o Projeto Capoeira é desenvolvido nas unidades prisionais pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), em parceria com a Fundação Dom Avelar Brandão Vilela e a Associação Cultural Educapoeira.

Bem para a alma
Em pouco mais de um ano, 262 internos participaram das aulas, em cinco unidades da Colônia Penal Lafayete Coutinho; Colônia Penal de Simões Filho; Penitenciária Lemos Brito, Conjunto Penal Feminino e Presídio Salvador. Para a professora do curso, Cecília Mayra Cruz, a capoeira faz bem, sobretudo, para a alma. Segundo ela, a atividade funciona como uma válvula de escape para os internos.

A professora apontou o bom humor, a alegria de viver, o sentimento de liberdade e a autoestima como reflexos dessa atividade. Entre os benefícios físicos, a professora destacou a melhoria do sistema cardiovascular e da flexibilidade, a diminuição do percentual de gordura e o aumento da resistência muscular.

Cecília Cruz leciona também no grupo de capoeira ‘Guerreiros’, com atuação nos bairros de Sussuarana, Boca do Rio, Dois de Julho e Lobato, onde fica a sede. Com 22 anos de experiência como capoeirista, ela afirma que prisão e liberdade independem de portões e cadeados e que a capoeira tem o poder de libertar a mente.

Além da capoeira, a Secretaria desenvolve outros projetos para a inclusão social dos internos, a exemplo dos cursos de informática, oficinas de leitura e trabalho, oficinas de corte e costura e artesanato. A previsão é que ainda este mês novas turmas sejam formadas.