A reabilitação da cultura do fumo no Recôncavo baiano, recuperando milhares de empregos perdidos com a desativação de diversas fábricas de charuto da região. Este é objetivo do movimento integrado pelo Ministério da Agricultura, Secretaria da Agricultura da Bahia, prefeituras municipais, Universidade Federal do Recôncavo, além de entidades empresariais, todos empenhados no processo de abertura do mercado mundial para o charuto fabricado na região.

Um dos mercados que está sendo conquistado é o da China, de onde o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, que se encontra no país em missão de trabalho, informou sobre o êxito de sua missão. “A China já efetivou um pedido de US$ 8 milhões para diversas empresas produtoras de fumo de charuto na Bahia. Tão logo seja liberada a exportação, as empresas poderão cumprir o contrato e depois exportar o próprio charuto”.

Recuperar economia
O secretário Eduardo Salles entregou ao vice-ministro da Agricultura da China, Wei Chuanzhong, os documentos comprobatórios de que a Bahia é Estado livre do Mofo Azul, doença que afeta o fumo e que se existisse no estado impediria a exportação de fumo e de charutos.

“Na reunião que tivemos com o vice-ministro chinês e cinco diretores do seu staff, agendamos uma visita das autoridades chinesas à Bahia, no mês de abril, época em que todas as fases da cultura podem ser vistas, para que eles possam comprovar que Bahia é livre do Mofo Azul e a partir daí possamos exportar os charutos e revitalizar o recôncavo”, disse Salles.

Salles lembrou que, para a Câmara Setorial do Charuto, o maior problema enfrentado pela cultura do fumo é a questão de mercado e que a China seria a solução para reativar a cultura do produto no Recôncavo, garantindo a segurança aos atuais 12 mil empregos e gerando novos postos de trabalho. “Nosso objetivo como Estado é a recuperação econômica e social do Recôncavo, que vive da cultura do fumo. São 12 mil pequenos produtores e milhares de empregos”, disse.

Mão de obra feminina
A cultura do fumo é de extrema importância econômica para o Recôncavo baiano. Envolve milhares de trabalhadores, a maioria do sexo feminino, pertencentes à agricultura familiar. No auge da produção, entre as décadas de 60 e 80, a fábrica da Suerdieck chegava a produzir 100 milhões de charutos por ano, metade da produção baiana, que era de 200 milhões.

“Atualmente, as oito fábricas que sobreviveram conseguem, juntas, produzir apenas 10 milhões de unidades por ano”, informa Ricardo Becker, presidente do Sindicato das Indústrias do Tabaco, Sinditabaco.

O prefeito de Cruz das Almas, Orlando Peixoto, lembra que muitas mulheres perderam o ‘ganha-pão’ quando as fábricas fecharam. “Exportávamos para o mundo inteiro”, recorda. “A exportação para a China será favorável para a nossa economia. Uma nova realidade está sendo desenhada”, completa.

A Bahia hoje exporta 97% de sua produção de folhas de fumo, principalmente para países da Europa, como Holanda e Alemanha. No ano passado, de acordo com o IBGE, o estado produziu 6.147 toneladas de folhas de fumo, em uma área de 5.879 hectares, ocupando a 5ª posição no ranking do país, atrás de Alagoas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O tabaco é a mais importante cultura agrícola não-alimentícia do planeta, e contribui substancialmente para as economias de mais de 150 países. O Brasil, além de ser o segundo maior produtor de tabaco do mundo, é o líder na exportação mundial do produto há 15 anos. Em média, 85% do fumo produzido no Brasil são destinados à exportação.

A Bahia é primeira unidade da federação a ser caracterizada como livre do Mofo Azul, praga que afeta a cultura do fumo. A Secretaria da Agricultura, através da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), desenvolveu, durante todo o ano passado, um intenso trabalho em campo com a delimitação de procedimentos para caracterizá-lo como área livre da praga em mais de 20 municípios produtores, totalizando 1.736 hectares plantados.

“Diante de mercados cada vez mais exigentes quanto a padrões sanitários, a Adab tem uma responsabilidade ainda maior em garantir a sanidade dos produtos baianos, notadamente os oriundos da agricultura familiar”, destaca o diretor de Defesa Vegetal, Armando Sá.