Mesmo tendo entre seus clientes celebridades como o cantor espanhol Enrique Iglesias, o cantor e compositor mineiro Milton Nascimento, os atores globais Lázaro Ramos, Murílio Benício e Danielle Winits, e o cantor Netinho, o cabeleireiro Oliver Pereira, mais conhecido como Oliver Black, sempre trabalhou na rua.

A situação de Oliver mudou graças à política de ocupação de imóveis, por meio de editais públicos, que o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), órgão da Secretaria de Cultura (Secult), iniciou na área no ano passado.

Vitória
Oliver Pereira venceu um edital do Ipac e já está com o seu salão, o “Ministério da Beleza”, montado em um centenário imóvel da rua Frei Vicente, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador.

Ao longo de 20 anos, Oliver atendeu a sua clientela nas ruas do Pelourinho, área considerada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Com cadeira e mesa nas calçadas, ele sempre mostrou o seu talento a céu aberto. “Mesmo atendendo na rua fiquei no Pelourinho porque é aqui que tudo acontece”, garante.

“O sentimento agora é de vitória”, garante Oliver, que sempre quis permanecer na área, mas nunca obteve espaço para trabalhar. “Mais três profissionais trabalham no local comigo: trançadeira, manicure e outra cabeleireira. Agora além de cortar, vou poder tingir, hidratar e alisar”, diz.

Locação social
A política de editais públicos adotada pelo Ipac é aberta a qualquer interessado que apresente projeto com atividades comerciais, artísticas ou culturais, e objetiva a dinamização da região e a valorização do patrimônio cultural.

“Os editais garantem processo mais democrático, legalizado e transparente, evitando escolhas pessoais para imóveis que são propriedade do poder público”, assegura o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça. Ele informa que já foram disponibilizadas casas nas ruas João de Deus, Laranjeiras e Frei Vicente.

“Os vencedores dos editais passam a ser responsáveis pela manutenção dos espaços, por um período de dois anos, renovável por mais dois anos, pagando remuneração mensal, abaixo do valor praticado na área”. Segundo Mendonça, os valores cobrados pelo Ipac são considerados de ‘locação social’, já que estão 60% abaixo do preço de mercado.

Estima-se que o Centro Histórico de Salvador (CHS) – área com edificações dos séculos 17, 18, 19 e 20 e tombada pelo governo federal – detenha cerca de três mil imóveis. Com as desapropriações de gestões estaduais na década de 1980 e 1990, o Ipac ficou responsável por 237 imóveis, 7,8% do total imobiliário da área. Os proprietários dos outros 92,2% dos imóveis são a Igreja Católica Romana, Santa Casa de Misericórdia e irmandades religiosas católicas.

Vários outros profissionais, organizações não-governamentais e artistas participam dos editais do Ipac. “Estou feliz. O edital prova que as escolhas para ocupar os imóveis podem ser mais transparentes”, garante a artista plástica Bárbara Tércia, que está com projeto educativo e cultural a ser inaugurado na área nos próximos dias.

Mais informações sobre a ocupação de imóveis do Ipac no Pelourinho podem ser disponibilizadas pela Comissão Permanente de Licitação (Copel/IPAC), por meio de contatos feitos pelo telefone (71) 3117-6484 ou pelo endereço eletrônico cpl.ipac@ipac.ba.gov.br.