Das 192 pessoas que procuraram ajuda no Centro de Atendimento a Vítimas de Violência (Ceav), em um ano e meio de funcionamento do serviço, a maioria sofreu agressão – direta ou indiretamente – praticada por conhecido. Os dados divulgados pelo Ceav, coordenado pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e o Grupo Tortura Nunca Mais, indicam que grande parte das vítimas era do sexo feminino, negras ou pardas, com idade entre 20 e 65 anos.

O Ceav integra o Sistema Nacional de Proteção a Pessoas Ameaçadas e oferece acompanhamento social, psicológico e jurídico às vítimas de violência, bem como aos familiares e dependentes.

Para fazer o atendimento preliminar, o Centro dispõe de dois psicólogos, dois assistentes sociais e uma advogada, que atendem casos relacionados a homicídio, latrocínio, estupro, abuso sexual de criança e adolescente, atentado violento ao pudor, lesões corporais e violência psicológica.

Nos 107 atendimentos prestados pelo Ceav, em 2010, os familiares são apontados como os principais agressores, representando 37,9% dos casos registrados. Entre os tipos de agressões se destacam lesão corporal (37,7%), ameaça de morte (32,1%) e homicídio de algum familiar (28,3%). Em quase 80% dos casos, a vítima recebe atendimento psicossocial e jurídico.

Medo, ansiedade e angústia

Os atendimentos psicológicos, na grande parte, são prestados a quem sofre alto grau de perturbações psíquicas por terem passado ou testemunhado situação trágica, ameaçadora ou violenta.

“Quando essas pessoas chegam ao Ceav geralmente estão sentindo muito medo, ansiedade e angústia. Isso acontece mesmo nas situações em que a ameaça já não existe mais”, disse uma das psicólogas do Centro, Mariana Lima.

De acordo com ela, em muitos casos, as mulheres procuram o local para denunciar o comportamento agressivo do ex-companheiro. Nessas situações, o Centro atende mulheres e também os filhos. “Além de prestarmos atendimento à família, encaminhamos essas pessoas a uma delegacia para prestar queixa e solicitar medida protecionista”, informou a psicóloga.

Em outras situações, como ameaça de morte, a vítima é encaminhada a locais sigilosos. Para isso o Centro tem parceria com o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte no Estado da Bahia.

Entre os outros órgãos que integram a rede de referência do Ceav estão a Vara de Violência Doméstica, o Ministério Público, a Comunidade de Atendimento Socioeducativo de Salvador (Case), a Pastoral da Criança, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e o Conselho Regional de Psicologia.

Endereço
O Centro funciona na rua General Labatut, nº 26, Barris (próximo à Biblioteca Pública). As pessoas também podem ligar para o número (71) 3328-4609 e agendar o atendimento.