Marisqueiras do município de Cachoeira receberam da direção da Bahia Pesca, na quinta-feira (24), 36 kits com camisa de manga comprida, calça, boné, bota ou sapatilhas emborrachadas e luvas de neoprene. O material vai substituir a proteção pouco eficaz improvisada pelas profissionais e será usado durante a atividade profissional, para evitar cortes nas mãos e nos pés e até o câncer de pele.

“Analisamos o trabalho de mariscagem, o ambiente e o horário em que acontece a captura, e criamos um kit de peças para proteger estas mulheres das ameaças. Não é possível que as pessoas continuem a sofrer de infecções e câncer na pele, porque não têm as ferramentas necessárias para ganhar seu sustento de forma saudável”, assegura o presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli.

Segundo ele, trata-se de “um projeto pioneiro no Brasil que deve servir como referência para que outros estados tomem a mesma iniciativa”. Informou, na oportunidade, que outros 120 pacotes serão entregues na próxima semana para marisqueiras das cidades de Salinas da Margarida, Vera Cruz, Nazaré, Valença e Saubara.

Avaliação
“Tenho orgulho de ser marisqueira, mas é uma profissão bem desgastante. Os sapatos que fazemos com pedaços de roupas velhas logo lascam e a gente fica toda cortada. Fora o sol que queima muito, especialmente agora no verão. E as mãos, então? As unhas nem crescem mais! Essa roupa nova é uma benção, agora vou trabalhar com muito mais tranquilidade”, disse Luciene Ferreira, 39 anos, há 29 na atividade.

Toda a roupa distribuída pela Bahia Pesca é confeccionada em um tecido especial que protege contra raios UV (ultravioleta) e não absorve o calor solar, minimizando a incidência de câncer de pele, desidratação, envelhecimento precoce e cortes nas mãos e pés.

Albagli lembra que a mariscagem é uma profissão predominantemente feminina. “Essa tradição remonta de séculos, quando o homem saía para pescar no mar e a mulher ficava encarregada dessa atividade, geralmente próxima à sua moradia”.

Técnicos do Ministério do Trabalho acompanharão, durante um ano, a utilização do kit. Após esse período de avaliação, as peças podem ser normatizadas pelo Ministério como EPIs voltados à atividade. Além dos equipamentos de proteção individual, a Bahia Pesca criou também um ‘kit-marisqueira’, com o objetivo de beneficiar os produtos da mariscagem e possibilitar melhorias nas condições de higiene e trabalho.

Trata-se de uma bancada com pia e outra para catação, um eco-fogão, jogo de panelas e escorredor, além de outros materiais que facilitam a vida dessas profissionais que sofrem de dores nos membros e na coluna, decorrentes da má postura durante o ato de mariscar.