Com o crescimento desordenado dos centros urbanos, as abelhas, polinizadoras importantes para a preservação ambiental, foram desalojadas e passaram a ocupar áreas urbanas povoadas. Em Salvador, nos últimos meses, alguns ataques de enxames trouxeram transtornos a moradores, levando as autoridades a buscarem alternativas que atendam à preservação das abelhas e à proteção da sociedade.

Responsável pela captura de abelhas em áreas urbanas, a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), da Polícia Militar do Estado da Bahia está desenvolvendo ações para capturar mais de 200 enxames identificados, a partir de denuncias da população, alojados em áreas da capital e do Recôncavo baiano. A ação é desenvolvida juntamente com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri), que agiliza a remoção das abelhas e o encaminhamento para a zona rural.

Segundo a parceria, a Coppa se responsabiliza pela captura dos enxames e a EBDA pela capacitação dos policiais, além de disponibilizar colmeias de apicultores da Cooperativa dos Pequenos Produtores do Vale do Rio Sauípe (Coopevales), assistidos pela EBDA, para o aproveitamento dos enxames.

Capacitação 
“É importante salientar o trabalho de capacitação desenvolvido pela EBDA que, além dos policiais ambientais, também treinou bombeiros, policiais militares e funcionários de prefeituras, no interior do estado, na captura de enxames em áreas urbanas”, diz Vandira da Mata, coordenadora de Apicultura da empresa. Ela informa que as colmeias povoadas com abelhas serão enviadas ao campo, e terão um papel relevante na melhoria da renda dos apicultores. “As abelhas são muito importantes para o meio ambiente e a economia do Estado, já que realizam a polinização das plantas nativas e cultivadas e produzem mel, própolis, pólen, cera e outros produtos”, acrescenta.

O diretor de Pecuária da EBDA, Elionaldo Teles, lembra que a empresa tem sido acionada tanto pela sociedade quanto pela instituição responsável, a Coppa, para remoção das abelhas em áreas urbanas. “A EBDA está empenhada não só em remover essas abelhas, dando segurança à população urbana, como também encaminhar estes enxames para um melhor aproveitamento (produção de mel e outros produtos), junto aos agricultores familiares”

Em Seabra 
Um enxame, localizado no telhado de uma clínica particular, no município de Seabra, foi capturado, na sexta-feira da semana passada, por três técnicos da EBDA acionados pela comunidade. As abelhas africanizadas atacaram cerca de 20 pessoas, entre elas um senhor diabético, que levou cerca de 50 ferroadas no rosto. Ele foi um dos mais atingido, pois subiu no telhado para espantar os insetos, que estavam atacando pacientes nas dependências do estabelecimento. “Havia muitas abelhas, fizemos a transferência do enxame para a colméia e depois vedamos o local para que elas não retornassem”, afirma Júlio Castro, técnico da EBDA e especialista em abelhas.

8º produtor
A Bahia é o 8º produtor de mel do Brasil e os valores econômico, social, ecológico e cultural da criação de abelhas são muito grandes. Para a agricultura familiar, essa cultura significa geração de emprego e renda, melhorias no padrão alimentar e diversidade de produtos comercializáveis. Por meio da criação racional de abelhas africanizadas, podem ser produzidos mel, pólen, própolis, apitoxina e cera. Serviços como a venda de abelha rainha, turismo, capacitação nos diversos segmentos, polinização de plantas cultivadas e industrialização dos diversos produtos também garantem boa fonte de renda aaos agricultores.

Os técnicos pedem às pessoas que identificarem enxames em áreas urbanas para não mexerem nas abelhas e nem tentarem espantá-las. Devem solicitar a retirada através da Coppa ou qualquer outro órgão competente, na região. Em Salvador, acionar a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) – Tel: (71)3116-9150/3363, e-mail: coppa@pm.ba.gov.br.