Depois do recesso do final de 2010, o projeto Feira de Cores e Sabores em São Joaquim – considerada a maior feira livre de Salvador – retoma suas atividades neste semestre, com 40 novos alunos, separados em duas turmas e auxiliados por cinco professores. Inspirados na riqueza cultural da feira, os aprendizes, com idades entre 16 e 30 anos, assistiram a vídeodocumentário, interagiram com orientadores, criaram fotos e imagens com pedrinhas de azulejos e papéis picotados para futura exposição.

Trata-se de um dos 73 projetos vencedores executados, desde 2007, por meio da política pública de editais do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), que são realizados com recursos do Fundo de Cultura, já atingindo, de 2007 a 2011, cerca de 200 municípios.

“Os editais permitem que a sociedade civil participe efetivamente das políticas públicas, garantindo ferramentas transparentes e democráticas na distribuição de recursos estaduais para as ações culturais”, explica o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça.

O projeto Feira de Cores e Sabores, que foi contemplado com R$ 34,7 mil do Ipac/Secult, acontece no Centro de Formação e Acompanhamento Profissional da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), localizado ao lado da Casa Pia e Órfãos de São Joaquim, prédio originário do início do século 18.

O objetivo é valorizar, com os alunos da Apae, os patrimônios materiais e imateriais da Feira de São Joaquim, assentada em 34 mil metros quadrados às margens da Baía de Todos-os-Santos, na Cidade Baixa.

A iniciativa é do arquiteto e museólogo Afrânio Simões Filho e a arte-educadora Adelina Rebouças. O projeto tem três etapas, com visitas guiadas à feira, contato com a diversidade e representações culturais e, depois, a construção de um blog, no qual serão inclusas notas e imagens acerca das atividades desenvolvidas.

“Desse modo, a feira se torna um campo de estudos”, destaca Adelina Rebouças. “Gosto das aulas e aprendo muitas coisas interessantes”, afirma Sandro Pereira, 17, um dos alunos da Apae. Nesta terça-feira (22), os alunos terão a segunda atividade na feira para comprar frutas juntos aos barraqueiros. “Na visita anterior, os alunos apreenderam sensações sobre objetos, cores, aromas e a dinâmica da feira. Agora, eles decidem o que comprar, aprendendo sobre preços e estimulando o trabalho em equipe”, diz Adelina.

Ainda neste mês haverá leitura de livros e apresentação de filmes como ‘A Grande Feira’ (1961), do cineasta baiano Roberto Pires – etapa que provoca reflexões sobre as saídas de campo. Em abril, o resultado será mostrado em exposição pública.