A Bahia tem milhares de marisqueiras que trabalham até seis horas por dia na coleta de ostras, sururus e outras espécies em praias ou manguezais, enfrentando diversos fatores de risco como câncer de pele (devido à exposição excessiva aos raios solares) e ferimentos em pés e mãos.

Para minimizar as doenças ocupacionais relacionadas à atividade, a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (Seagri), por meio da Bahia Pesca, lança, nesta quinta-feira (24), em Cachoeira, a 130 quilômetros de Salvador, um kit de equipamentos de proteção individual (EPI) desenvolvido especialmente para essas profissionais. A ação faz parte do Programa de Atendimento à Saúde das Marisqueiras.

Técnicos do Ministério do Trabalho acompanharão durante um ano a utilização do kit. Após esse período de avaliação, as peças podem ser homologadas pelo ministério como EPIs voltadas à atividade. “O kit é composto de camisa de manga comprida, calça, boné, bota ou sapatilha emborrachada e luvas. Toda a roupa é confeccionada em um tecido especial, que protege contra raios UV (ultravioleta) e não absorve o calor solar, minimizando a incidência de câncer de pele, neoplasias, desidratação, envelhecimento precoce da pele e cortes nas mãos e pés”, explica o presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli.

A empresa distribuirá, na quinta-feira, 36 kits na comunidade de Santiago do Iguape, em Cachoeira. Também serão beneficiadas as marisqueiras de Salinas da Margarida, Vera Cruz, Nazaré, Valença e Saubara. Além dos equipamentos de proteção individual, a Bahia Pesca criou também um kit-marisqueira, com o objetivo de beneficiar os produtos da mariscagem e possibilitar melhorias nas condições de higiene e trabalho.

Trata-se de uma bancada com pia e outra para catação, um eco-fogão, jogo de panelas e escorredor, além de outros materiais que facilitam a vida dessas profissionais, que sofrem de dores nos membros e na coluna, decorrentes da má postura durante o ato de mariscar. Embora existam homens atuando na atividade de mariscagem, as mulheres predominam. “Essa tradição remonta de séculos, quando o homem saía para pescar no mar e a mulher ficava encarregada desta atividade, geralmente próximo à sua moradia”, afirma Albagli.