A Polícia Militar da Bahia, com o apoio da Polícia Civil, realizou a Operação Tigre no último fim de semana em mais bairros de Salvador. De sexta-feira (18) a domingo (20), 277 policiais estiveram na Fazenda Grande do Retiro, no Calafate, em São Caetano e na Rua do Oriente, fazendo abordagens a pessoas suspeitas e incursões pelas ruas das localidades. Além do helicóptero do Grupamento Aéreo, 34 viaturas, dois ônibus, três micro-ônibus e dez motos foram utilizados na operação.

Segundo o comandante do Batalhão do Choque da Polícia Militar, coronel Jorge Couto, a operação, iniciada no dia 11 deste mês, combate o tráfico de drogas e, consequentemente, reduz o número de mortes em Salvador. “De sexta-feira a domingo, não registramos nenhum homicídio na região onde a operação foi realizada”.

A polícia define as áreas por meio de informações dos setores de inteligência e tem a ajuda da população, que, através do Disque-Denúncia (3235-0000), indica onde estão os criminosos.

O Batalhão de Choque atuou na região da Fazenda Grande do Retiro, em pontos considerados críticos, de acordo com o mapeamento da polícia. Foram 135 carros abordados, 555 motos, 28 ônibus e um total de 1.599 pessoas – três delas presas em flagrante.

Além de incursões em bares e lanchonetes instalados nas vielas, foram feitas blitze em regiões de grande movimentação. Ônibus, motocicletas, carros de passeio e táxis foram vistoriados durante a operação.

“Existem táxis clonados, criminosos que se fazem passar por taxistas e pessoas que usam os serviços de táxi para praticar delitos. Antigamente, esse tipo de condução não estava no nosso foco. Mas hoje os táxis estão no rol de suspeitos”, explicou o comandante do Setor 1, uma das áreas de atuação, capitão João Daniel.

Compreensão da população

Há 18 anos trabalhando como taxista, Ademar Santos de Jesus foi parado na blitz, atendeu às solicitações dos policiais e em poucos minutos foi liberado. “Isso é uma coisa boa pra gente. Nos sentimos mais seguros. Às vezes, estamos transportando as pessoas, mas não sabemos quem são”.

Pela agilidade e facilidade na locomoção, as motos continuam entre os veículos mais abordados nas ações policiais. Acostumado com as blitze, o motoboy Sérgio Augusto Pereira afirmou que se sente mais seguro quando passa pela vistoria. “Evita muito os assaltos, em especial, de moto e em ônibus. A gente não tem que se preocupar quando vê uma blitz. Basta apresentar os documentos, aguardar a revista, manter a calma, que logo é liberado”.

O corretor de imóveis Vitor Boaventura é outro que passa boa parte do dia sobre uma moto. “A polícia está fazendo o trabalho dela, que é filtrar quem está envolvido com o crime, abordando as pessoas pra saber se elas estão armadas. Isso aumenta a nossa segurança. Quem trabalha o dia inteiro na rua precisa desse amparo”.

Os usuários de transporte coletivo também compreenderam o sentido da operação e colaboraram com o trabalho dos policiais. Enquanto os homens eram revistados fora dos ônibus, as mulheres permaneciam no interior dos veículos e passavam pela checagem feita por policiais femininas.

A cobradora Eulália Cristina Santos destacou que às vésperas de festas, como o Natal e o Carnaval, aumenta o número de furtos a ônibus. “Ficamos mais apreensivos nos fins de semana e ainda mais nos períodos de festa. A polícia agindo assim é sempre bom pra gente”.

Em novembro do ano passado, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), via Polícia Militar, realizou uma campanha que informou à população sobre os procedimentos que devem ser tomados durante uma abordagem. Foram distribuídos 31.500 panfletos, além da divulgação por meio de outdoor, busdoor, TV, rádio e internet. A iniciativa gerou bons resultados. A movimentação repentina da Operação Tigre chamou a atenção de moradores, mas não gerou desconforto à população.