Em mais uma noite de ritmos, o Circuito Batatinha (Pelourinho), no Centro Histórico da capital baiana, recebeu no domingo (6) o desfile de blocos afros e afoxés procedentes de bairros da periferia de Salvador e também da região metropolitana.

Os tambores fizeram a festa, mas também teve espaço para o samba e o ritmo religioso do ijexá. Apesar do público que circula pelas ruas do Centro Histórico, a animação no circuito tem sido a mesma dos associados dos blocos que vêm de bairros distantes para participar da folia.

Do bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, na região metropolitana, o bloco afro ‘Zambiã’ realizou um dos desfiles mais bonitos e empolgantes. Oxum, a orixá que rege 2011, foi homenageada pelo dourado das fantasias, das alas de dança e da banda.

Negritude
"Oxum é deusa guerreira e nos protege. São muitas dificuldades para manter este bloco há 19 anos. Apenas há cinco conseguimos participar do Carnaval de Salvador. É a vontade de representar nossa negritude que nos faz estar aqui, com sofrimento e alegria", desabafou emocionada Rafaela Anunciação, diretora do Zambiã.

O dourado de Oxum esteve presente em outros desfiles como do afoxé ‘Luaê’ e do afro ‘Alabê’, mas outro orixá também foi lembrado. O afoxé ‘Kambalagwanze’ celebrou Xangô, o Deus da Justiça, espalhando o vermelho pelo circuito Batatinha.

"O nome ‘Kambalagwanze’ é uma das denominações a Xangô em Angola. O nosso tema este ano são as rezas e benzeduras", explica Iracema Neves, presidente do afoxé nascido no Barbalho, mas ligado a um terreiro de Candomblé do bairro de Mussurunga.

Outros ritmos
Inovando no ritmo musical, o Afro Liberdade trouxe o samba do grupo ‘Kangerê de Sinhá’, que fez o público formar rodas e requebrar na Avenida. Bandeiras dos países africanos estampavam a camisa dos foliões do bloco que veio do Curuzu.

"O Brasil é toda a África", disse o diretor Osvaldo Bailado. A diversidade de ritmo seguiu no desfile do bloco afro ‘Dandara’, de São Caetano, que também apostou no samba, e no afoxé ‘Luaê’. A homenagem era aos povos indígenas, mas o cantor Edmilson Freitas, o Mico Santos, prometeu mandar RAP, pois "Carnaval é a festa de todos os sons", justificou o também diretor do ‘Luaê’, apresentando um terceiro nome artístico – "sou também conhecido como o Índio do RAP".

Outro desfile empolgante foi realizado pelo afro ‘Alabê’, graças ao repertório eclético da banda que trouxe hits pop na batida dos tambores. "A banda é formada por pessoas da nossa própria comunidade do Curuzu – Liberdade, que ensaiam o ano inteiro para fazer esta festa", destaca o diretor Alírio Macêdo. A sequência percussiva no Circuito Batatinha contou ainda com os tambores do afro ‘Ogun Xorokê’ e o afoxé ‘Olorum Baba Mi’.

Filhos de Gandhy
Já passava das 2h da manhã desta segunda-feira (7) quando os integrantes do afoxé ‘Filhos de Gandhy’ retornavam ao Centro Histórico após desfile no Campo Grande. A maioria não mais demonstrava a farta quantidade de colares no pescoço como no início do desfile, na tarde de domingo.

O afoxé mais tradicional do Carnaval sai novamente nesta segunda-feira, no circuito Dodô (Barra-Ondina), e na terça-feira, no circuito Osmar, sempre acompanhado da versão feminino, o afoxé ‘Filhas de Gandhy’. Para os próximos dias, os integrantes do Gandhy terão que reabastecer o estoque de colares e de alfazema, afinal, a cidade aguarda com ansiedade o cheiro deixado na Avenida após a passagem do ‘tapete branco do Carnaval’.

Todos os blocos citados integram o Carnaval Ouro Negro, programa de fomento da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) voltado para as entidades de matriz africana. Para conhecer a seleção completa de blocos do Ouro Negro, acesse aqui.

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