Entre as entidades carnavalescas de matriz africana, um grupo se destaca por proporcionar um Carnaval mais familiar, entre amigos. É o segmento formado pelos blocos de percussão, de origem associada ao encontro de amigos e vizinhos para curtir a festa.

Um dos destaques do segmento percussivo deste ano é o bloco ‘Bola Cheia’, criado na Península Itapagipana, em 1995. O bloco arrastou centenas de foliões nos desfiles realizados na sexta-feira (4) e no domingo (6) no Circuito Batatinha.

Nesta segunda-feira (7), a partir das 20h, o ‘Bola Cheia’ fará sua última participação na folia, desfilando no Campo Grande (Circuito Osmar), sob comando do cantor Missinho, antigo vocalista da banda Chiclete com Banana e autor de alguns dos sucessos iniciais da banda, como ‘Mistério das estrelas’, ‘Sementes’, ‘Tiete do Chiclete’, entre outros.

Todas as idades
Os blocos de percussão que também desfilarão nesta segunda-feira (7) são o ‘Bloco da Saudade’ e o ‘Jaké’, no circuito Osmar, e ‘Amigos de Cajá’ e ‘Boka Loka’, no Batatinha. Na terça-feira (8), último dia da festa, o bloco ‘Renascer 2000’ desfila no circuito Batatinha.

O aposentado José Carlos Gomes, folião do ‘Bola Cheia’, explica que o bloco de percussão é mais tranquilo. “Ótimo para pessoas com pique de Carnaval, mas que já estão assim com ‘seis ponto zero’, como eu estou”, brinca, referindo-se aos seus 60 anos.

Mas idade avançada não é critério para desfilar nos blocos de percussão. No desfile do ‘Bola Cheia’ há muitos jovens. Um deles era o estudante Alexandre Santos, que elogiou a animação dos foliões e destacou: “o bloco é pura curtição, inclusive tem muitas gatinhas”, anima-se o folião-namorador.

O final do desfile do ‘Bola Cheia’ no sábado, no Centro Histórico de Salvador, foi acompanhado por um grupo de estudantes de Arquitetura que forma um bloco singular no Carnaval de Salvador. É o ‘Bloco do Improviso’, que tem associados, máscaras, estandartes e muita animação… só não tem atração musical.

O grupo junta-se a outro bloco que estiver passando e faz a festa. A ideia partiu de Lucas Sampaio, que recebeu apoio dos colegas de faculdade. “Este é o nosso segundo ano e é muito divertido. Escolhemos o circuito Batatinha por ser um Carnaval-família, mais alegre e mais popular”, explica.

Samba e arrocha
Outro bloco do segmento percussão que desfilou no domingo foi o ‘Mutantes’, animado pelas bandas de samba Viola de Doze e Amor Vadio. Na sexta-feira (4), o bloco fez o primeiro desfile tendo como atração os cantores de arrocha Nira Guerreira e Pablo, revelando toda diversidade dos percussivos.

Os mais antigos blocos do segmento percussão são ‘Amigos do Cajá’, criado na Federação em 1980, ‘Jaké’, que reúne moradores do Engenho Velho de Brotas, desde 1982, e o ‘Bloco da Saudade’, nascido no bairro de Nazaré, no ano de 1986 e que se orgulha por ter tido entre seus foliões o sambista Batatinha, em 1994.

Todos os blocos citados integram o Carnaval Ouro Negro, programa de fomento da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) voltado para as entidades de matriz africana.